A escola faz parte da vida de todo mundo. Seja estudante, família, funcionário ou até quem dirige o ônibus cheio pela rotina do ano letivo… Todo mundo acaba sendo afetado pela escola e pelas memórias que ela nos traz. Um professor que vem contribuindo para a construção de mais memórias sobre a época de escola é Osmar Paulino, geógrafo pela UFRJ, que realiza a oficina Literatura Africana e Cartografia.
A ideia do projeto é desenvolver o letramento cartográfico, ou seja, a leitura de mapas, a partir da perspectiva do negro. Osmar conta que a ideia surgiu quando ainda estava na faculdade, onde era bolsista do Programa de Iniciação à Docência (PIBID).
— Lá eu tinha como uma das incumbências frequentar uma escola pública e desenvolver atividades de ensino de Geografia. Foi quando pensei em ensinar Geografia através da arte. No início, a equipe usou muitos filmes. Foi quando eu migrei para a literatura. Mais à frente, percebi que muitos professores de diversas disciplinas tinham dificuldade de cumprir a Lei 10.639/03, então resolvi utilizar a Literatura Africana como uma das maneiras de atender à Lei”, explica.
Para além dos efeitos futuros, o professor percebe resultados no presente. A oficina com cartografia contribui para a descoberta de culturas de todo um continente, o que possibilita que os estudantes observem semelhanças possíveis com sua realidade, se identifiquem e rompam com preconceitos estimulados historicamente sobre os povos africanos. Osmar conta ainda que pensa na possibilidade de levar a público, em forma de exposição, o projeto com cartografias em sala de aula, dado o bom retorno que vem alcançando com a oficina.
**A Lei 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, ressalta a importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira.
* Matéria publicada no jornal A Voz da Favela, Rio de Janeiro, janeiro 2019.