Educação antirracista: Escola Olodum incentiva talentos e formação de lideranças

Crédito: Claudia Correia

Com 850 alunos entre 7 e 29 anos, a Escola Olodum é pioneira na Educação antirracista e se vincula ao bloco afro Olodum, fundado em 1979. A maioria dos alunos é formada por meninas e mora em bairros periféricos de Salvador, do Subúrbio Ferroviário e do Centro.

Os cursos culturais da escola oferecem dança, canto e percussão, além de formação para a cidadania. Os alunos são divididos nas categorias iniciante, intermediário e avançado. O projeto político pedagógico é inspirado em modelos educacionais de Cuba, Angola e Guiné Bissau e contempla temas do combate ao racismo, educação para a saúde, história da resistência negra no Brasil e as revoltas dos escravizados na Bahia.

A escola incentiva os talentos e a formação de lideranças que ultrapassa toque do tambor, com atividades que valorizam o potencial de crianças, adolescentes e jovens, através da inclusão social e digital, trabalhando paralelamente a questão da cidadania étnico-cultural.

Crédito: Claudia Correria

Representando o Olodum, o presidente institucional Marcelo Gentil e o executivo Jorge Ricardo Rodrigues destacaram a função social da escola como a primeira instituição de ensino a incorporar as diretrizes da Lei 11.645/08 que incluiu no currículo a obrigatoriedade temática da história e cultura afro brasileira e indígena no país. “A escola é um ambiente perfeito para se autodescobrir, ter a participação real de jovens afro-brasileiros. Ser aluno da Escola Olodum é ter um lugar para voltar, ter poder”, afirmou Jorge Rodrigues.

Celebração

A Escola Olodum completou 40 anos no último dia 25 de outubro e comemorou com um espetáculo musical de rua inédito, “Diamantes da cidadania”, na Praça das Artes, no Pelourinho, em Salvador.

O ingresso do show, protagonizado por alunos e professores, foi um quilo de alimento e revertido para o Programa Bahia Sem Fome, do governo estadual. O enredo do espetáculo contou a história da instituição alternando performances de percussão, canto, danças em reverência à ancestralidade e esquete teatral representando a dinâmica dos debates em sala de aula sobre a história da resistência negra e os protestos contra os crimes raciais.

 Após a apresentação foi servido um caruru e um cortejo seguiu até a sede da escola, na Rua das Laranjeiras, no Pelourinho. Ex alunos, políticos, artistas, representantes de entidades e da Secretária da Promoção da Igualdade Racial- Sepromi participaram do evento que resgatou a história da instituição que surgiu a partir do projeto “Rufar dos Tambores”, idealizado por João Jorge Rodrigues e Kátia Melo em 1983 que já impactou a vida de 35 mil alunos.

Crédito: Claudia Correria

A diretora geral Linda Rosa Rodrigues, graduada em Direito e especialista em Marketing Digital e Mídias Sociai é egressa da escola, como a maioria dos diretores e professores. “Trabalhamos com nossos ex alunos para dar oportunidade para além da área cultural, para as áreas administrativa, econômica, criativa, que eles se sintam confortáveis e formados para estarem”, afirmou.

A publicitária e musicista Thais Santos, 36 anos, também é fruto da formação da Escola Olodum, onde fez curso de fotografia e marketing digital em 2020 e hoje é professora de canto. “O retorno de meus alunos é incrível, crianças que começam a se desenvolver, a se reconhecer como pessoas negras, resistentes, como quem pode e consegue, é uma honra fazer parte disso, acompanhar essas pessoas que me ensinam diariamente”, afirmou.