Educação: ferramenta de transformação social e resistência

"Ser uma mulher negra, mesmo acadêmica e de periferia, continua sendo uma atitude discursiva forte, de luta constante e resistência"- Crédito: Arquivo pessoal

Adriana Minervina, 35, natural de Paulista-Pe, reside em Olinda, bairro Alto da Bondade, periferia da cidade. Uma mulher negra, que percebeu desde muito cedo o peso e a responsabilidade da sua cor, e as dificuldades que enfrentaria por ser pobre e vivendo em um bairro periférico.

Ela tem formação em Língua portuguesa, mestra em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutoranda em Letras também pela UFPE. É professora concursada pelo Secretaria de Educação do Governo do Estado de Pernambuco (SEDUCPE).

Mas, ser uma mulher negra, mesmo acadêmica e de periferia, continua sendo uma atitude discursiva forte, de luta constante e resistência.

“A situação atual do país é muito delicada e desafiadora, principalmente para uma parcela da população que é humilhada, oprimida e desrespeitada, tendo seus direitos negligenciados”, comenta Adriana.

A professora complementa dizendo que, “para se ter qualquer oportunidade de melhora de vida, a educação é uma ferramenta primordial, e ela buscou isso desde sua adolescência, escolheu a literatura o qual exerce sua profissão com muita dedicação e respeito, e faz dela o seu grande objeto de luta para transformar outras realidades”.

Ela sempre foi motivada por seus professores, que foram marcantes em sua vida escolar, e influenciaram positivamente ao escolher o seu curso, a formação a encaminhou para que pudesse mesmo seguir a carreira de professora.

Adriana Minervina, com seus pais, na formatura de graduação em Língua portuguesa- Crédito: Arquivo pessoal

Ela sempre foi motivada por seus professores, que foram marcantes em sua vida escolar, e influenciaram positivamente ao escolher o seu curso, a formação a encaminhou para que pudesse mesmo seguir a carreira de professora.

Caminho este que foi longo e muito difícil, muitas vezes pela falta de dinheiro, preconceitos e algumas portas fechadas. mas apesar de todas as barreiras, ela teve muita ajuda para conseguir concluir da graduação, foi verdadeiramente uma conquista e superação.

Educação é a base

Adriana Minervina, é formada desde 2013, já trabalhou com revisora na editora Multimarcas Editorias, teve algumas experiências temporárias como docente, até 2017. Em 2019, foi aprovada no concurso estadual sendo efetivada para atuar em escolas públicas da sua cidade.

Ela tem muitas inspirações, sempre teve, graças a Deus. Muitos amigos também contribuíram para a decisão e sua formação, e principalmente as inspirações de sua família.

A sua mãe, Roberta Luiza Minervina da Silva, é sua referência desde criança, “é uma das razões da minha vida, por tudo que ela proporcionou para meu crescimento pessoal e profissional”, comenta Adriana.

Adriana, o irmão João Severino e seus pais- Crédito: Arquivo pessoal

A luta de dona Roberta para conseguir educar os dois filhos, fez Adriana valorizar ainda mais a educação e entender a importância dos estudos na sua vida, e também a ter coragem e não desistir de seus objetivos. “Sou muito grata a você, mamãe”, relata emocionada.

Profissionalmente, ela tem várias pessoas  que lhe ajudaram ao longo de sua trajetória, principalmente, professores aos quais ela é grata pela confiança, incentivo e apoio nos momentos quando ela mais precisava e por terem acreditado nela e investirem nos seus sonhos.

Dificuldades na pandemia

Tem sido difícil conciliar o trabalho remoto, atividades do doutorado, vida pessoal e demandas do dia a dia. Esse períodos tornou-se cansativo, “mas a gente vai aprendendo a se adaptar aos desafios diário”, relata Adriana.

Adriana trabalha em uma escola pública no Caixa D’ Água, periferia da cidade, e os seus estudantes, em sua maioria, tem alguma dificuldade com acesso a internet para as atividades remotas. Os motivos são os mais diversos, mas quase sempre, falta de recursos é uma das principais dificuldades para os estudantes terem acesso as aulas.

“É preciso reinventar-se para ser professora durante uma pandemia, estando em uma realidade socioeconomicamente desfavorecida. Muitos problemas. Falta valorização e respeito com nós professores”, desabafa Adriana.

Como professora, o seu trabalho tem enorme influência, diretamente para suas turmas, afinal professores são formadores de opinião, então ela tenta sempre abordar elementos sociais, principalmente dentro da realidade econômica e cultural, considerando os conhecimentos prévios de cada estudante.

Acreditar sempre nos estudantes, motivá-los, para que eles não desistam, mesmo estando todos em tempos difíceis, é uma das tarefas mais desafiadoras dos professores na atualidade. A educação é um dos melhores investimentos que eles podem ter.

“Precisamos ter empatia com o outro, cuidar mais da gente e de quem a gente ama, e nunca desistir de nossos sonhos e objetivos, mas buscar sempre”, declara Adriana.

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