Ser Artista na Baixada Fluminense requer esforço para derrubar os preconceitos sociais e também raciais. Para a Artista Mulher há o machismo que atrapalha, que desmotiva, enfurece, mas não abate, fortalece. E não há o que faça desistir quando nos juntamos, nós mulheres, para um projeto! São olhos que se abrem para um território rico, efervescente e se nos fecham portas é na união que as derrubamos com sede, com Arte. Celebramos, assim, mais uma iniciativa Do Feminino na Arte, de mulheres feita para mulheres, para potencializar a produção artística local e mostrar ao grande público que aqui existe e resiste. Tem tudo e mais um pouco.
A Baixada traz Artistas impactantes como diz Priscila Rooxo entre latas de spray e poesias narradas em ilustrações sobre questões territoriais e de gênero. A partir da mistura de lembranças reais e fantásticas de sua infância Diana Chagas vem com paisagens híbridas criadas em cores fortes e contrastantes em suas pinturas. Eve Oliveira TransbordArt e chega com o protagonismo negro em foco. Através de sua lente retrata a beleza e força em suas diversas formas.
Com os seus Caminhos Ancestrais, Adrielle Vieira, também registra através de clicks histórias de conquista, olhares que se acendem, pessoas do seu convívio e afeto. Também capta por lentes a exaltação da beleza negra afirmando uma reflexão sobre sua autoestima.
Luana Xavier levanta uma bandeira de luta e manifestações de ideais baseada em igualdades de direitos. Em seus variados meios gráficos reflete em desenho essa proposta de imprimir a revolução. Com pinturas em suportes diversos, Stephanie Brandão representa o corpo humano com a finalidade de questionar sua materialidade, sua fragilidade e seu estado transitório de existência.
Nicole Peixoto emerge com suas imagens do inconsciente e através do desdobramento das relações entre o figurativo e abstrato cria um diálogo entre pintura e psicologia. Pincela suas experiências que se manifestam nos seus processos de criação.
Virgínia Moura projeta-se como Nina e por meio de pinturas e ilustrações traz a linguagem corporal em representação artística, harmoniza sentimentos e emoções intermediadas pela manipulação de cores e formas.
Ao retratar o universo infantil, Mere Nassil ilustra com delicadeza uma série de crianças. Traz para a coletiva pinturas que retratam mulheres do povo Tchokwe que vivem no nordeste de Angola, em algumas partes do noroeste da Zâmbia e no sul da República do Congo. Composta de símbolos e cores marcantes, suas obras exaltam a beleza e a força da mulher Africana.
Carol Vilamaro gosta de contar histórias e escreve a série Acrobacia Anônima que surgiu da observação de mulheres acrobatas. Fez de seus registros fotográficos um resgate poético da arte circense e homenageia essa tradição ao ressaltar a importância do trabalho dos artistas envolvidos. Revela a emoção de cores, texturas e luzes. Assim como ela, não acreditamos em nada que seja feito sem afeto, e com muita dedicação e carinho apresentamos elas, Elas da Baixada.
Dez mulheres fortes que trazem em suas obras um pouco de si mesmas, um pouco dos outros e daquilo que observam seja em suas vivências ou em seus mundos fantásticos. Há a maneira de ver, sentir e interpretar o universo particular e evidenciam de maneira lírica e vigorosa a realidade muitas vezes dura e incômoda, mas que afirma a diversidade artística que a Baixada Fluminense possui.
Curadoria: Karenina Marzulo e Marcelle Fagundes
Instagram: @femininonaarte
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