A despedida do ex-ministro Nelson Teich no auditório do ministério, em Brasília, foi marcada pela brevidade de seu discurso e pela exigência de que todos usassem máscaras protetoras no recinto. O ministro agradeceu ao presidente e disse que deixou um plano de ação pronto para ser implementado.
Mas se Nelson Teich foi elegante e diplomático na cerimônia, nos corredores assessores e técnicos da saúde não pouparam histórias e comentários aos repórteres reunidos para a segunda demissão em um mês no mesmo prédio da Esplanada dos Ministérios.
Assim, jornalistas ouviram que Teich levou o plano de ação à apreciação de Bolsonaro, “que o detestou”, e também que o presidente voltou a insistir na questão da cloroquina e da mudança do protocolo, mas ele foi categórico em negar, “enquanto não houver comprovação científica da sua eficácia”.
Mas a inconfidência mais chocante foi feita ao jornalista Valdo Cruz, que a levou ao ar em seguida: o ministério da Saúde tem conhecimento de muitos casos de pessoas mortas por ataque cardíaco em casa, depois de tomar cloroquina”. Este é maior obstáculo à cloroquina e à alteração do protocolo sanitário e que deveria estar também com destaque nas preocupações do governo.
Todos os ouvidos por repórteres e comentaristas foram unânimes em atribuir à ideologização da pandemia pelo presidente da república a perigosa situação em que estamos mergulhados. “Ele não ouve ninguém, não aceita a opinião de ninguém”, resumiu um assessor sob a garantia do anonimato.