*Rafael Huguenin
Em uma época como essa em que vivemos, na qual as grandes decisões são tomadas não com base em reflexões e ponderações responsáveis, mas com base na mais rasteira superficialidade das luminosas (e caras) campanhas das agências de publicidade, não causa espanto que a escolha dos líderes políticos seja também determinada pelos mesmos critérios publicitários que determinam que um produto comercial qualquer seja um sucesso de vendas: maximização da exposição do produto, o apelo visual envolvido na divulgação mesma do produto e mais uma série de recursos outros que não se dirigem propriamente à mais elevada de nossas faculdades, que é a razão, mas ao puro instinto.
Neste contexto, foi com grande felicidade que li a entrevista concedida ao Jornal do Brasil pelo candidato Vinícius Cordeiro (PtdoB). Não apenas pelo inegável preparo técnico, que certamente ele possui, para exercer um cargo de tal magnitude, mas sobretudo por estar comprometido com uma forma de fazer política que se tornou coisa do passado. Pois em uma época como essa em que vivemos, a velha prática grega do debate político em praça pública e à vista de todos os homens tornou-se coisa do passado. Assim, quando vemos alguém conduzir uma campanha pautada não na pirotecnia e nos efeitos especiais da publicidade, mas na boa e velha argumentação e conhecimento de causa, devemos nos alegrar. Se isso não é suficiente para elevar um candidato ao topo das intenções de voto, é um sinal da penúria dos nossos tempos e não do candidato.
* Professor de Filosofia.