As eleições 2020 já bateram o recorde de candidatos inscritos. Até esta segunda-feira, 28, foram computados 523 mil pedidos, o que já representa 45 mil inscrições a mais do total de 2016. As eleições municipais deste ano também tem a maior proporção e o maior número de candidatos negros (49,9%) já registrados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), desde quando as informações de raça começaram a ser coletadas, em 2014. Além disso, o percentual de mulheres na disputa também aumentou de 32% nas últimas três eleições para 34%, o que corresponde 176 mil concorrentes.
Candidaturas negras de 2014 até 2020
- 2014 – brancos (54,9%); pardos (35%); pretos (9,3%); outros (0,9%)
- 2016 – brancos (51,5%); pardos (39,1%); pretos (8,6%); outros (0,8%)
- 2018 – brancos (52,4%); pardos (35,7%); pretos (10,9%); outros (1,1%)
- 2020 – brancos (47,8%); pardos (39,4%); pretos (10,5%); outros (2,4%)
Ao avaliar a raça dos candidatos em relação aos cargos, a maioria negra (pretos e pardos) restringe-se às vagas de vereador. Enquanto as de prefeito, candidaturas de pessoas brancas continuam sendo maioria.
Candidaturas por cargo disputado em 2020
- Prefeito – brancos (63,2%); pardos (30,8%); pretos (4,2%); outros (1,7%)
- Vice-prefeito – brancos (59,1%); pardos (33%); pretos (5,9%); outros (2%)
- Vereador – brancos (46,8%); pardos (40%); pretos (10,9%); outros (2,4%)
Essa diferença quantitativa na representatividade entre os cargos também acontece se comparados os gêneros. O número de mulheres disputando vagas nas Câmaras Municipais aumentou em relação às eleições de 2016. Neste ano, são 173.710 (34,37%) contra 153.313 (33,08%) em 2016. Para a prefeitura, o número de mulheres concorrendo representa, apenas, 13,05% (2.495) dos 19.123 candidatos em todo o país. E esse número fica ainda menor quando se verifica a quantidade de mulheres negras concorrendo à prefeitura: 857 (4,5%).
Mecanismos para aumentar a presença de mulheres e negros
A pouca presença de mulheres nas candidaturas a prefeitura levou, desde 2010, à obrigatoriedade de pelo menos 30% das candidaturas registradas por um partido para os cargos de vereador e deputado sejam de mulheres.
No debate racial, o TSE decidiu que o dinheiro do fundo eleitoral e o tempo de rádio e TV fossem divididos igualmente para candidatos negros e brancos de cada sigla. A princípio, passaria a valer apenas nas eleições de 2022, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, decidiu que já vale para as eleições deste ano.
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