Vivemos em um país que explicita desde a colonização o seu asco à população negra e indígena, haja vista a escravidão, um processo violento que condenava à morte as/os escravizadas/os quando se trabalhava mais de 10 anos. Embora a escravidão tenha sido abolida em 1888, as elites continuam odiando esse segmento populacional, o que inclusive fez com que a própria população adquirisse tais valores deletérios, como o racismo. As eleições evidenciam isso, pois a população, ainda que pobre, negra e periférica, elege pessoas de classes altas e brancas, reproduzindo algo que não foi produzido por elas e que sequer se questionam quanto a isso.
Há alguns anos, talvez uma década, alguns partidos de esquerda, com alguns limites próprios da branquidade, vêm se propondo a romper com essa lógica de ter nas esferas de poder um único perfil: homens brancos heterossexuais. Obviamente que são as pessoas negras que escolheram o lugar da política partidária para a militância que tem permitido que tais partidos avancem na direção de colorir todo o parlamento.
Em 2020 tivemos a aprovação da divisão proporcional de verbas de campanha dos partidos para as candidaturas negras e brancas. Isso é um importante avanço, pois significa que negros terão mais chances de se eleger se tiverem o mesmo investimento financeiro. Visto que a população nem sempre escolhe conscientemente seus candidatos e candidatas, apenas assistem propagandas, ouvem promessas, etc. Quero dizer, se o investimento for proporcional, as candidatas e candidatos negros poderão aparecer na mídia, jornais e outros meios de comunicação para apresentarem suas propostas, compondo assim uma alternativa progressista frente à onda reacionária que vivemos.
Enfim mais uma vitória! Que toda a esfera política corresponda à realidade brasileira, isto é, que seja cada vez enegrecida.