Reportagem para o jornal A Voz da Favela de outubro de 2019
Além de trazer vários benefícios para a saúde, a atividade física pode ser uma importante
ferramenta de combate à criminalidade. Pensando nisso, as amigas Karina Paz, Fabiane
Cavalcanti, Waldete Carneiro e Juliene de Paula criaram, em 2015, o Pazear, movimento social cocriativo que vem transformando a realidade de crianças e adolescentes da IV etapa de Rio Doce, favela de Olinda, Pernambuco.
O Pazear surgiu com a missão de contribuir para a redução da vulnerabilidade social
de crianças e adolescentes por meio do esporte, da cultura e educação, promovendo valores humanos, cidadania e uma cultura de paz. Com uma média de 60 voluntários, o projeto coordena uma escola de futebol em Rio Doce que atende a 120 meninos e meninas com idades entre sete e 17 anos.
As aulas acontecem três vezes por semana e são direcionadas por metodologias educacionais como o “Futebol Três Tempos”, que debate temas como enfrentamento ao racismo, igualdade de gênero, saúde, meio ambiente e mercado de trabalho. Para Karina Paz, uma das idealizadoras, o projeto possibilita a melhoria do ambiente na favela. “É preciso contribuir com a diminuição da violência que afeta a nossa juventude agindo diretamente na raiz de um problema social que afeta a cidade inteira”, pontua ela.
Psicóloga esportiva, Natali Anselmo afirma que o esporte têm um importante papel no desenvolvimento físico, emocional e intelectual de crianças e adolescentes. “Ensina valores éticos e morais, desenvolve as competências motoras, contribui para formação de aspectos como o autoconhecimento, motivação, disciplina, aceitação de regras, superação, competição saudável, tolerância à frustração, habilidades sociais para lidar em grupo, entre outros benefícios, completa Anselmo.
Em 2018, o Pazear e a comunidade de Rio Doce, em conjunto com a ONG internacional
Love.fútbol, criaram um espaço esportivo que se tornou uma plataforma de desenvolvimento social. O objetivo para 2020 é ampliar o número de vagas e desenvolver o modelo para replicar em outras comunidades como referência do uso do esporte como ferramenta para transformação social. “Pazear é verbo! A nossa maior missão é quebrar esse ciclo que impedia os sonhos das nossas crianças. Agora, elas podem sonhar em ser o que quiserem”, acredita Karina Paz.
