Especialistas, profissionais e ativistas da área de segurança do Brasil e do Reino Unido trocaram ideias e experiências nesta terça (30). Em quase oito horas de atividade e diversas mesas de discussão na Sala Cecília Meirelles, o seminário “Diálogos sobre segurança pública: Brasil e Reino Unido” buscou traçar um panorama da segurança pública nos dois países. Temas como policiamento comunitário, penas alternativas, transparência nas investigações criminais e o olhar da sociedade civil sobre a atuação policial foram amplamente discutidos.
A defesa do fortalecimento do diálogo entre a comunidade e as polícias como forma de integrar a população e reduzir a violência foi pauta constante nas discussões do seminário, coordenado pela diretora da Redes da Maré Eliana Silva em parceira com o diretor da organização britânica People’s Palace Projects Paul Heritage e chancela da Queen Mary University of London, que realizou seminário semelhante em fevereiro. Apesar das diferenças de realidade entre Brasil e Reino Unido, é clara a noção de que a participação da sociedade civil é de extrema importância para um policiamento mais democrático. “Uma morte (cometida por agentes de segurança) deve ser considerada uma falha política e de segurança. Não pode ser celebrada pelos seus agentes e nem pela sociedade”, afirmou o chefe de litígio civil de Londres Daniel Manchover.
A diretora da Redes da Maré, Eliana Souza, que coordenou o encontro, ressaltou a importância deste tipo de debate: “É preciso reconhecer o morador da favela como um cidadão que tem direito à segurança pública”, pontuou. Isso significa que, para muitos, as chamadas práticas de incursão policial nas favelas têm que ser repensadas: “As pessoas que moram nessas áreas são vistas como civis em um território inimigo, logo, são tidas como baixas aceitáveis. Não podemos aceitar essa situação”, afirmou o defensor público Daniel Lozoya, relembrando o caso do menino Eduardo, morto por um policial militar no Complexo do Alemão.
O subsecretário de Educação, Valorização e Prevenção da Secretaria de Segurança do Rio Pehkx Jones defendeu ajustes na política de proximidade para uma polícia mais cidadã, com o fortalecimento dos conselhos comunitários de segurança: “Queremos empoderar esses conselhos perante o Conselho Estadual de Segurança Pública e que o canal de comunicação entre a comunidade e a polícia civil e militar se estabeleça com mais contundência e recorrência”.