“A gente precisa fazer com que a democracia no Brasil reconheça que ela é sabotada pelo racismo todos os dias. É muito importante que a gente entenda como a nossa legislação, como nosso Judiciário, como nosso sistema, nosso convívio em sociedade percebe as pessoas não brancas. Elas são consideradas pessoas que são protegidas pela democracia?”
Uma afirmação e uma indagação pontuais em mais de uma hora de entrevista coletiva marcaram a participação do rapper paulista Emicida no programa Roda Viva desta segunda-feira, 27, na TV Cultura. Ele desconstruiu muito do senso comum brasileiro, essa vala rasa do pensamento único em vigor.
O rap é condescendente com o crime organizado?, perguntaram, e o rapper foi direto: “Apologia do crime é a forma como o brasileiro vive. Desde quando narrar uma determinada situação que está vinculada ao crime faz de você um apologista dessa situação? E se isso faz de você um apologista daquela situação, então você tem que começar a pegar o Datena, que faz isso todo dia na televisão. A música faz um retrato de onde as pessoas vivem.”