Ao todo, 18 restaurantes puderam vender seus produtos, em uma iniciativa promovida pelo Sebrae Rio
Durante os sete dias de Rock in Rio, um dos destaques foi o Espaço Favela, que além dos shows inesquecíveis, ofereceu uma gastronomia diferenciada do restante do festival. Ao todo, 18 empreendedores de comunidades do Rio de Janeiro puderam levar seus produtos para vender nos bares ao lado do palco do Espaço Favela.
A iniciativa, promovida pelo Sebrae Rio, capacitou os empreendedores de comunidades para fortalecer a gestão, desenvolver características empreendedoras e se preparar para acessar o mercado de grandes eventos. Nos restaurantes, foram oferecidas opções como bolinho de feijoada, calzone de calabresa, salgadinho de costela sem massa com molho barbecue, croquete de aipim com carne moída, bolinha de aipim com carne assada, entre outras delícias.
Os restaurantes selecionados das comunidades foram o Tô Com Fome, Pizzaria Cidade, Pitta’s Delícia Gourmet, Amalia Lanches, Família Mão na Massa, Chan Pastel de Feira, Panitas, Brutal Burger, Colonial Santanna, Delícias da Márcia, Coletivo Eccoa/Favela In, Loucos Por Porco, Empadas do Rodrigo e Taberna do Ogro.
Monique da Silva, de 36 anos, moradora da Rocinha, levou escondidinho de carne seca para os bares do Espaço Favela e comentou sobre a experiência de ver seu negócio em um evento da magnitude do Rock in Rio. “Estar aqui significa que a favela consegue expandir, e sair daquele quadrado de casas, e vou te falar, estou muito honrada de saber que a gente conseguiu fazer algo grande. A gente conseguir colocar aqui para o mundo, para outras pessoas conseguirem ver o que a gente é capaz de fazer, isso é bom demais! Eu estou muito orgulhosa, não só de mim, como do meu pessoal, lá na Rocinha”, comenta a empreendedora, que faz parte do Coletivo Eccoa/Favela In.
Altenires Araújo, 42 anos, e Júlia Araújo, 18 anos, são mãe e filha, moradoras da Rocinha, e levaram o bolinho de feijoada vegana do Veg’s Araújo, uma iniciativa que faz parte do Eccoa/Favela In. Altenires destaca que é maravilhoso ver jovens como sua filha, Júlia, empreenderem e levarem seus produtos para o Rock in Rio. “Para os mais jovens como a minha filha, eu acho maravilhoso! Aqui eu sou auxiliar dela, e ela é a empreendedora, e com 18 anos é uma oportunidade de trazer um produto muito diferente”, conta a mãe orgulhosa.
Júlia também comenta sobre os desafios de empreender sendo da favela, além de ter que ‘convencer’ as pessoas a consumirem seus produtos.. “Por ser da favela as pessoas já olham de uma forma diferente, e pelo meu produto ser vegano, também é muito difícil. As pessoas olham e acham que, porque não tem carne, não tem muito sabor. Os nossos produtos são ótimos mas, as vezes, as pessoas nem querem provar, porque acham que vai ser ruim. E no final, depois de muita insistência, elas acabam provando. Aí elas experimentam e dão nota de 0 a 10, e quase sempre é 10”, diz a jovem empreendedora.
“O pequeno negócio em comunidades é uma ferramenta de transformação social. Os selecionados adequaram o produto às exigências do evento, além de produzir em larga escala. O aprendizado que tiveram ao longo dos dias foi um diferencial para esses empreendedores pelas oportunidades que o festival proporcionou como ampliar contatos, aumentar a visibilidade e fazer novos negócios”, comenta Juliana Oliveira, coordenadora de Comunidades do Sebrae Rio.