A pandemia do novo coronavírus trouxe impactos na saúde, economia e no comportamento das pessoas. E as consequências da Covid-19 também atingiram o mercado de trabalho porque aumentou o desemprego. Prova disso é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Covid-19, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo apontou que a taxa de desocupação do país no 2º trimestre de 2020 foi de 13,3%, aumento de 1,1 ponto percentual em relação ao 1º trimestre de 2020 (12,2%) e comparando com o mesmo trimestre de 2019 (12,0%), houve acréscimo de 1,3 p.p.
Muitas pessoas perderam seus postos de trabalho por causa da Covid-19. Foi o que ocorreu com a moradora do bairro Veneza II, em Aracaju (SE), Giselia Campos dos Santos, de 56 anos, que trabalhava há três de carteira assinada como costureira em uma cooperativa e foi demitida sem receber as verbas rescisórias. “Eu passei essa pandemia sem dinheiro nenhum, cinco meses sem dinheiro. Se não fossem meus filhos, a sorte é que eu tenho dois. Antes da pandemia, eu estava trabalhando. Mas quando entramos na quarentena, a empresa informou que não tinha condições de manter a gente no trabalho. Além disso, eles falaram que quando a quarentena acabasse poderíamos voltar sem carteira assinada. Eu tô indo alguns dias, mas quero achar outro emprego em que meus direitos estejam garantidos”, enfatiza Giselia Santos.
Diante do número crescente de desempregados, muitas pessoas estão usando a internet como ferramenta de aprendizado para conseguir pagar as contas no final do mês ou ganhar um dinheiro extra. É o caso da costureira Damiana Souza Santos, 33 anos, que também reside no Veneza II, em Aracaju (SE). Ela aprendeu a fazer máscaras de tecidos por vídeos na internet e obteve um aumento na renda familiar. “No início da pandemia eu fiquei parada nos meses de março e abril, sem trabalho, devido ao fechamento das lojas de tecidos e armarinhos. Depois começou o uso das máscaras de tecidos e do final de abril até agora estou produzindo e vendendo elas. Antes pouca gente tava saindo de casa, comprava as máscaras porque era obrigatório até para entrar na mercearia. Agora como abriu as coisas e só entra com máscaras, as pessoas continuam comprando. Eu tô vendendo a mesma quantidade de máscaras do início da pandemia”, afirma Damiana Souza.
Quem também aproveitou o isolamento social para investir em conhecimento por meio das mídias digitais foram as moradoras Crislaine Alves dos Santos Medeiros, de 22 anos, Valdinete Santos, 43 anos e Eliana de Jesus Nascimento, 23 anos. Elas são da mesma família e aprenderam a fazer tapetes e artesanato assistindo a vídeos na internet para passar o tempo. “Eu comecei a olhar os vídeos no Youtube, comprei os materiais, falei com elas e começamos a fazer. Publicamos no Whatsapp, as pessoas viram nosso trabalho, gostaram e começaram a encomendar. Daí começamos a fazer para vender”, explica Eliana Nascimento.
Quem sentiu na pele a alta desses 4,3% na taxa de desocupação em Sergipe foi a diarista Ivomeire Vieira dos Reis, 44 anos, residente do bairro Veneza II na capital, que antes da pandemia trabalhava seis dias na semana em casas de famílias diferentes e tinha outras pessoas querendo seus serviços. Ivomeire Reis explica, ainda, que o impacto econômico na família dela foi muito grande, mas que ela aproveitou o tempo livre para aprender e aprimorar técnicas de confeitaria em vídeos do Youtube para fazer bolos e vender por encomenda futuramente.“No início da pandemia, eu fiquei em casa com medo de sair para rua. Todo mundo teve que ficar em casa. Depois uma cliente que estava trabalhando em home office, entrou em contato comigo para o retorno das atividades domésticas. Eu retornei o trabalho nessa casa usando máscaras, álcool em gel, deixando a chinela do lado de fora, levando duas mudas de roupas e quando entrava na residência não tinha contato com ninguém. Realmente através dessa pandemia, eu fiquei sem três clientes, uma já estava indo devagarzinho, a segunda era idosa e a terceira porque o marido perdeu o emprego”, destaca. Agora, Ivomeire Reis assiste lives de confeiteiras pelo Instagram para conhecer cada vez mais as técnicas e produtos para fazer bolos.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) lançou uma cartilha com medidas para reduzir os riscos de contágio por Covid-19 entre trabalhadoras e trabalhadores domésticos. O MPT defende que a trabalhadora doméstica deve ser valorizada e protegida, por isso, deve preferencialmente ser dispensada de comparecer ao local de trabalho e deve receber a remuneração no período do distanciamento social. Nos casos em que o trabalho doméstico é imprescindível, a cartilha indica: deixar à disposição álcool em gel, álcool 70° ou hipoclorito para realizar a limpeza das bolsas, sacolas, guarda-chuvas, sapatos toda vez que a trabalhadora ou moradores entrarem na residência; fornecer máscaras para a trabalhadora usar durante o trabalho e fornecer meios de transporte particulares para a trabalhadora. Veja aqui todas recomendações.
Esta matéria foi produzida com apoio do Fundo de Auxílio Emergencial ao Jornalismo do Google News Initiative: https://newsinitiative.withgoogle.com/intl/pt_br/journalism-emergency-relief-fund/