Como jovens buscam através da Internet o caminho da ancestralidade
A pandemia da Covid-19 agravou uma endemia que estava escondida dentro dos cômodos das nossas casas, desde a quitinete mais simples até as suítes das mansões mais luxuosas.
A nomophobia, dependência em internet. A possibilidade de ter acesso a um mundo de informações de forma instantânea na palma de suas mãos fez com que mergulhássemos num mundo novo de infinitas possibilidades.
Universo particular
Um conteúdo inesgotável de novidades nos induz a um imediatismo que nos impede, muitas vezes, de lidar com a realidade. Por isso isolam-se em seus quartos e seguem cada um em seu universo particular.
Afinal, a geração smart saberá algum dia lidar com suas questões, sobretudo as emocionais? Um fenômeno interessante que temos visto com o acesso ilimitado a informação é que parte desta geração pesquisa sua ancestralidade e a razão da sua existência, a procura de respostas aos seus questionamentos tem registrado uma migração de muitos jovens para as casas de candomblé/umbanda, a não aceitação de comportamentos impostos pelas religiões tradicionais.
Jovens que buscam os terreiros
A liberdade sexual, de posicionamento político, os novos modelos de família, condenados pelos conservadores faz com que esses jovens busquem nos terreiros a respostas de seus porquês que, algumas vezes a interpretação anacrônica do que é o Sagrado, os exclui daquele núcleo religioso.
As casas de matriz africana dão espaço nos seus cultos aos homoafetivos, a alguém com que apoie as liberdades individuais de maneira mais ampla, tais como, liberdade política e social, sobretudo a vivência nos quilombos urbanos atuais que são os Ilês.
Não se pode religar a ancestralidade
“Certo é que ainda precisamos ampliar nosso conhecimento em relação à cultura ancestral, o que é muito diferente de religião, que vem do religare, cuja etimologia é religar e, não se pode religar a ancestralidade a nada”, segundo o coreógrafo Alê Vilar.
O “bicho humano” é um ser sociável e em todo tempo busca ser aceito no grupo, quando isso não acontece a frustração é grande. Divergências de opiniões políticas, religiosas, sociais, a sexualidade são tabus em muitos ambientes, principalmente no núcleo familiar.
“Costumamos dizer que nosso axé é uma espécie de CAPs (Centro de Atendimento Psicossocial), muitas as pessoas que chegam aqui pedindo ajuda para se aceitarem da forma são e conseguirem resistir as pressões sociais impostas a quem ousa ser diferente.” relata Done Viviane D’Xangô – responsável pelo Ilê Asé Aganju, na zona norte do Rio.
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