O Fórum Social Mundial 2018 aconteceu em Salvador, Bahia, entre os dias 13 e 17 deste mês, com seminários, plenárias, oficinas, atividades culturais e conferências, além de marchas e atos por toda cidade. Um evento que envolveu movimentos sociais de várias partes do mundo, sob o tema “resistir é criar, resistir é transformar”.
Confira alguns momentos do encontro pelo olhar da colaboradora Mirna Wabi-Sabi.
Racismo religioso
A palestra discutiu a opressão sofrida pelos praticantes do Candomblé. Relatos sobre ataques físicos contra menores, como o apedrejamento de uma jovem vestida de branco. Uma forte denúncia contra a opressão cristã.
Resistência Tupinanbá
“Vamos parar de falar de paz”, um líder Tupinanbá sugeriu parar com a lamentação e resistir.
“Nunca vi votar mudar nada.” Mas se prenderem Lula, todos os outros devem ser presos também, porque todos são ladrões. Essa foi a discussão no encontro com a tribo indígena
Combate ao racismo
Um debate sobre ação direta antirracista, orgulho de ser do Candomblé e da periferia. Apoio ao Lula e ao Povo Negro Unido.
Literatura
Bancas de livros de diversos grupos. A Maloca libertária, grupo anarquista de Salvador (à direita, na foto acima), ao lado da rede de apoio à Rojava (à esquerda).
“Se for o caso, voto pra Lula. Sou anarquista mas não sou doido”, falou um freguês anarquista anônimo.
CUT
Uma mesa de mulheres trabalhadoras para não desistirmos, mesmo com a forma efetiva com a qual o capitalismo opera. Dirigentes mulheres falam sobre a luta sindical, militância, e representatividade. Também discutiram sobre como a mulher é tratada no trabalho, a violência, a agressão com a qual ela lida e como isso é um aspecto indispensável do capitalismo. Na área de teleatendimento, o trabalho da mulher é ouvir desaforo de homem.
“Nós precisamos falar de identidade”, comentou uma das participantes.
Water rights (O direito à água)
A atividade falou sobre o uso excessivo de água na agricultura e o aumento de secas causadas pelo aquecimento global infringe direitos à água. Duas milhões de pessoas não têm acesso à água potável, principalmente em regiões rurais.
70% da água usada no mundo é usada na agricultura. Isso coloca pressão no recurso mundial de água. Pesticidas também contribuem com esse problema.
A Alemanha lida com esse assunto, porque importa muitos produtos que necessitam de muita água, mas que vem de países secos.
O Brasil é considerado um país com muita água, mas tem regiões muito secas também. Plantar coisas que precisam de muita água numa área muito seca gera problemas. Até mesmo plantações de eucaliptos, que não precisam de muita irrigação, secam o solo.
Execução
Ao entrar no campus da UFBA na manhã de quinta-feira, (15), onde aconteceu o terceiro dia do Fórum, entra-se, também no silêncio abalador de uma multidão em luto.
Marielle Franco, presente
Ela militou e sempre representará a resistência contra o patriarcado branco capitalista heteronormativo. Marielle Franco vai estar sempre presente na nossa incessante luta contra esse sistema genocida, racista, sexista e trans/homofóbico.
Rohash Shexo, uma diplomata de Rojava, depois fazer uma longa apresentação, sobre a resistência feminista anti-imperialista em sua região no norte da Síria, falou: “this happens to us all the time. So, we understand each other.” (“Isso acontece com a gente toda a hora. Então, nós nos entendemos”). Foi um dia pesado para todas nós aqui no Brasil e, também no Oriente Médio. A luta é global e o senso de apoio mútuo foi palpável.
Camaradas do Rio de Janeiro e de Salvador estavam juntas, mesmo à distância. Nossos modernos meios de comunicação, mesmo com todas as suas problemáticas, neste caso, se provou uma ferramenta indispensável para a militância e a saúde mental que nos motiva andar pra frente sem temer.
“Atiçaram o formigueiro… O que está disperso vai ser congregado em torno dela”.
Mensagem de uma participante do ato na Cinelândia, para nós, participantes do ato em Ondina, Salvador.