Grafitti na Biblioteca Monteiro Lobato, 2002
Set de MC no Sesc Consolação, 2002. Hip hop tem 40 anos no Brasil. FOTO: Divulgação

Entre os dias 22 a 27 de agosto acontece em São Paulo a 13ª edição do Encontro Estéticas das Periferias – Arte e Cultura nas Bordas da Metrópole. O evento é uma ação política, cultural e artística que coloca no centro a produção cultural da população  marginalizada da juventude negra, periférica, de mulheres e LGBTQIAP+. 

O evento é uma iniciativa da Ação Educativa em parceria com a Prefeitura de São Paulo e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, e tem como tema central na edição de 2023 a comemoração dos 50 anos da criação do Hip Hop e 40 anos de sua chegada ao Brasil.

Gênero musical e cultura nascida nas periferias de grandes centros urbanos, o Hip Hop representa e empodera a população marginalizada das cidades devido ao conjunto de suas ideias, palavras, música, dança, grafismos, identidades e atitudes. 

O projeto conta com uma curadoria coletiva, composta por mais de 50 grupos artísticos das periferias de São Paulo. Toda a programação é realizada de forma descentralizada e participativa em 25 territórios periféricos da cidade de São Paulo, apresentando cerca de 80 atividades gratuitas tendo o Hip Hop como protagonista da programação e outras diversas intervenções artísticas ligadas ao movimento.

A expectativa é receber cerca de 15 mil pessoas e mobilizar 3.000 artistas no decorrer do evento. 

Um evento cultural mais abrangente

A abertura oficial do Estéticas das Periferias ocorrerá no dia 24 de agosto, às 20h, no SESC Consolação. Na ocasião, será apresentado o espetáculo inédito Hip Hop aos 50 Anos, reunindo seus quatro elementos fundantes – MCs, DJs, Grafitti e Dança em uma grande homenagem aos principais nomes da cena.

Eleilson Leite, idealizador e coordenador geral do Encontro Estéticas das Periferias, conta que o evento já passou por diversas fases até chegar na atual configuração, ainda mais participativo e plural.

Set de DJ na Biblioteca Monteiro Lobato, 2002. Mulheres cada vez mais inseridas na cena. FOTO: Divulgação

Em suas primeiras edições, tinha formato de seminário. Hoje, tem uma programação mais abrangente, tanto no que diz respeito aos territórios (toda a borda da cidade)  quanto em relação às linguagens artísticas. Além disso, segundo Eleilson, também houve uma mudança da cena cultural periférica, que está mais diversa e ampla desde 2011.

“Até a primeira década do século, a questão da qualidade artística não estava pautada com tanta força, estava mais voltada para um movimento de afirmação. Neste período, muitos grupos passaram a se desenvolver artisticamente, fazendo pesquisas de linguagem e experimentação e acessando editais de fomentos importantes, que antes estavam restritos a grupos do centro, com artistas de classe média”, analisa.

Eleilson Leite também acredita que, atualmente, há maior valorização da cultura periférica, e muito menos preconceito. “Na época, o Estéticas surgiu por conta da falta de legitimidade da cultura periférica. Hoje ela está na vanguarda. É charmoso dizer que é periférico. Racionais MCs está no mesmo patamar de Chico Buarque e Caetano Veloso e a maior indústria da música na América Latina é do funk”, comemora.

Um ode musical à cultura de rua

Entre as diversas atividades do evento, no dia 24 de agosto será realizada uma grande celebração em homenagem ao movimento. Trata-se do espetáculo musical, dançante, poético e audiovisual Hip Hop aos 50 anos, dividido em quatro blocos, reunindo nomes de destaque na cena urbana e outros nem tão conhecidos, mas com alta representatividades em suas regiões. 

O show contará com Nelson Triunfo, um dos principais responsáveis a trazer a cultura do Hip Hop para o Brasil; Mc Soffia, Dexter, Linn da Quebrada, Thaide, Brisaflow (a primeira artista indígena a se apresentar no Lollapalooza), Sharylaine, Back Spin, Discípulos do Ritmo, Festa Amem e Rincon Sapiência, entre outros nomes. 

Entre os diversos atrativos do evento, haverá um período para celebrar as mulheres, com destaque para artistas do movimento LGBTQIAP+, arte indígena no rap, slammers, vídeos contando toda a história do movimento no Brasil e no mundo, entre outros destaques. O espetáculo tem direção artística do curador Eugênio Lima, grande conhecedor e ativista deste movimento. 

Outra novidade será a presença da escritora e acadêmica Heloisa Teixeira, ex-Heloisa Buarque de Hollanda, “madrinha do evento”, que tem, em 60 anos de carreira, uma grande quantidade de pesquisas dedicadas à população marginalizada. 

Estética das Periferias vai promover vasta programação, incluindo:

Workshop do escritor Ferréz sobre gestão de espaços culturais, em Itapecerica da Serra;

Block Party Hip Hop no Sesc Vila Mariana;

Batalha Matriz de poesia na Casa das Rosas, que coloca lado a lado duas gerações do Hip Hop da região do ABC;

Encontro das grafiteiras no IMS, com objetivo de rearticular a Rede GrafiteirasBR;

Campeonato de Slam, também no IMS.

Essas e outras atividades estão disponíveis no Caderno da Programação e AQUI

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