Encruzilhada: espetáculo da Companhia La Bagaça, em cartaz até dia 18 de agosto

Crédito: La Bagaça

A Cia La Bagaça estreia Encruzilhada, seu primeiro trabalho profissional, que fica em temporada virtual no canal do Youtube Casa Preta Espaço de Cultura .

A estreia está marcada para esta terça-feira (13), às 19h, mesmo horário das apresentações dos dias 14 e 15 de agosto.

Construído coletivamente por jovens entre 18 e 24 anos, de vários bairros da periferia de Salvador (Mata Escura, Brotas, Mussurunga, Uruguai, São Caetano, Pero Vaz, Alto de Coutos, Calabar e Castelo Branco), e artistas convidados, a montagem reúne influências do Hamlet de Shakespeare, da música das quebradas e até do universo cinematográfico da Marvel.

O espetáculo segue em cartaz até 18 de agosto, com apresentações às 16h e 19h, seguidas de bate-papos com elenco e ficha técnica da montagem (programação abaixo).

Encruzilhada evoca o teatro como linguagem fundamental, se aproxima do cinema e absorve expressões da tecnologia na construção de uma trama que joga com uma experiência não-linear do tempo.

Na peça, três personagens femininas (Lana, Loni e Olah) expressam a conexão entre presente, passado e divino para observar e contar a história do jovem Bruno, que ao festejar seu aniversário de 18 anos com seus amigos e amigas, descobre trágicos segredos que envolvem a história da sua família.

Crédito: La Bagaça

O espetáculo é também um convite à discussão de temas socialmente relevantes, bem como à desnaturalização de como se idealiza e se enxerga o feminino. Dentre as divindades femininas está uma travesti, que é apresentada na peça como uma das mais antigas expressões do feminino.

Ao mesmo tempo em que essa tríade divina faz referência às Deusas Moiras do destino na mitologia grega, elas também aludem a Exu, divindade eminentemente masculina na mitologia iorubá.

São essas divindades que acompanham o desvendar da história familiar de Bruno e interferem no passado e no presente para que o rapaz, ao descobrir a verdade que circunda sua família, possa inaugurar um novo ciclo de prosperidade e felicidade.

Diante da pandemia da Covid-19 e da inevitável necessidade de reinvenção também no teatro, o espetáculo fará apresentações online seguidas de bate-papo com o elenco/equipe de Encruzilhada sobre a obra e temas correlatos, em que convida moradores de seus bairros de origem.

Para Igor Bispo, integrante da Cia La Bagaça e co-autor do espetáculo, “à nossa maneira, estamos dizendo que é possível fazer diferente, é possível escolher fazer diferente na vida e no palco. Desejamos provocar a fala da audiência, sobretudo se forem jovens como nós, provocar um debate saudável que esperamos que possa levá-los a pensar sobre sua forma de se colocar na sociedade ”.

Crédito: La Bagaça

Cia La Bagaça

A companhia é uma reverberação do curso “Aprendiz em Cena” – projeto de formação em artes cênicas, realizado no Mercado Iaô e na Casa Preta Espaço de Cultura, entre maio de 2019 e fevereiro de 2020 -, em que tiveram aulas de cenografia, figurino, iluminação, canto, história do teatro, interpretação e etc.

A Cia La Bagaça, formada por jovens entre 18 e 24 anos, carrega em seu nome a identidade baiana e expressa a essência da juventude que pensa a arte como campo de mudança, pensando as artes cênicas como um espaço de crescimento humano, pessoal e profissional.

Motivados a fazer da arte um caminho para a prática da conscientização, La Bagaça idealiza o projeto de montagem da peça Encruzilhada e convida alguns dos seus formadores para acompanhar e dar suporte a este trabalho que abre os caminhos do grupo no palco – como Gustavo Melo, Fernanda Paquelet, Manuela Rodrigues e Gordo Neto.

De acordo com Gordo Neto, co-diretor do espetáculo e coordenador geral no curso de formação dos jovens, a formação artística e a peça alertam para a capacidade que cada um deve encontrar dentro de si para alterar a trajetória de sua vida. Citando Bertolt Brecht: “Nada é impossível de mudar (…) suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar”.

O projeto é financiado  pelo Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura (Programa Aldir Blanc Bahia), via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

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