Enfim, chegaram os Anos 20 / séc XX

Imagem: Reprodução internet.

O ano agora é 2020, que chegou trazendo muitos pedidos de paz, saúde, prosperidade, harmonia, sucesso, etc, como todo ano novo que se inicia. E, segundo o sincretismo das religiões de matriz africana, Candomblé e Umbanda, por ser regido pelos Orixás Xangô e Yansã, 2020 será um ano de muitas cobranças, de muitas descobertas, pois o que está oculto aparecerá, verdades sendo reveladas e grandes transformações por conta disso. Justiça e tudo que a envolve, segundo os Babalorixás e Ialarorixás, será o tema principal no decorrer dos 366 dias deste novo ano.

Partindo deste princípio, será que o Brasil se tornará um país com mais igualdade e mais justo com o povo, já que nos últimos dois anos anteriores foi muito injustiçado e com diversas perdas de direitos? De acordo com as previsões, o gigante que voltou a deitar em berço esplêndido se levantará para ir às ruas cobrar tudo que lhe foi tirado e o que nunca foi dado? E quais serão as verdades e revelações que 2020 vem trazendo? Sabemos que ainda há muitas coisas a serem reveladas no país, como por exemplo, quem é o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, pois 1 ano se passou até chegar aos suspeitos, e é tudo que se sabe até agora. Onde está o ex-motorista da família Bolsonaro, o Queiroz? Um ano se passou e ainda ñ se sabe onde ele está abrigado ou ocultado.

Talvez, a partir destas descobertas e muitas outras, o Brasil passe, sim, por grandes transformações e, assim, poderemos começar a falar com um pouco mais de confiança sobre justiça. Palavra curta, mas com grande poder de mudança.

E ainda falando em verdades e revelações, os dois últimos anos de 2018 e 2019, o que imperou foram as disseminações de fake News (notícias falsas), que foram espalhadas pela internet. Os aplicativos Whatsapp e Facebook foram os mais utilizados para espalhar tais notícias. Até mesmo o Presidente da República espalhou fake news através de suas redes sociais. O ano passado, em apenas 68 dias de governo, Bolsonaro deu 82 declarações falsas. Durante todo o ano, em 343 dias foram 527 declarações distorcidas ou falsas. Pois é, caro amigo leitor, se 2020 será o ano em que verdades, 2019 foi o ano das mentiras, contadas até mesmo pelo Chefe da Nação.

Mas, mesmo não sabendo o que o ano novo realmente nos reserva, chegamos aos anos 20. Até soa estranho referir-se desta forma. Parece nos dar uma ideia de estarmos falando dos anos 1920, do século XX, quando muitas lutas por igualdade social estevam apenas começando, ou engatinhando. É como estamos também em tempos de muito retrocesso, como por exemplo, a ameaça da volta da censura, do conservadorismo em excesso, família tradicional – que nunca foi tão tradicional assim, mas fazia-se de conta que era. É bem estranho, estranho demais falarmos “começaram os anos 20”, mesmo tendo a certeza que é do século XXI. E ano começou bem quente, com possibilidade de estourar uma 3a Guerra Mundial. Chega a ser retrógrado, já que a 1a Guerra iniciou-se em meados da década de 10 e finalizou próximo do início dos anos 1920. Para ser mais precisa, em 1918. É muito retrocesso, o mundo sob ameaça de uma 3a guerra em pleno anos 20 do século XXI. É tão absurdo, que foi mais um tema que virou piada nas redes sociais, com uma enxurrada de memes publicados, compartilhados e recompartilhados por milhares de internautas.

Possibilidade absurda, mas ao mesmo tempo medonha, apavorante, pois os principais protagonistas vivem de práticas absurdas, desnecessárias, que não contribuem em nada para afirmação da paz mundial. Não se importam quantos inocentes morrerão, quantos lares serão destruídos, quantos ficarão desabrigados e o pior, quantos órfãos ficarão deixados à própria sorte, contando com a ajuda de algum sobrevivente. E toda essa tragédia é causada com intuito de obter duas coisas apenas: dinheiro e poder. Nada mais.

Dois mil e vinte, ano de eleição norte-americana, a mais importante do mundo, e talvez isso explique a ameaça de uma possível 3a Guerra Mundial. Ano que saberemos se Donald Trump continuará no poder, determinando qual é o país que precisará ser invadido pelas suas poderosas Forças Armadas para ser democratizado e o povo libertado de algum ditador. É absurdo, não é mesmo? O destino do planeta concentrado nas mãos de um homem que só quer se divertir, brincar de “O Poderoso Chefão”, que faz e desfaz, que manda e desmanda. E se suas ordens não forem obedecidas, simplesmente ele manda bombardear, assim como fez com o avião onde estava o general iraniano Qassem Soleimani, um dos homens mais poderosos do Irã. Se Trump queria um bom motivo para iniciar uma guerra – e de proporções mundiais –, ele conseguiu, matou um outro poderoso chefão. Pois é o que vem tentando desde do incrível absurdo dele ter assumido o poder da nação mais poderosa do mundo. Esta ameaça já era eminente desde as eleições norte-americanas de 2016, quando o meninão pirracento e mimado foi eleito para chefiar os Estados Unidos e o mundo.

Ah, mas que início de ano, em que o Presidente do Brasil se manteve entre notícias absurdas e que também, mais uma vez, virou piada nas redes sociais e, claro, com muitos memes. Com uma declaração sem pé e nem cabeça, Jair Bolsonaro, ao falar em uma entrevista sobre as mudanças no material didático, disse aos repórteres: “os livros, como regra, hoje em dia, têm um amontoado de coisas escritas, tem que suavizar” (pausa para respirar fundo). É absurdo, mas foi o que o 57 milhões de eleitores escolheram em 2018. Decidiram que o maior país da América do Sul fosse representado por alguém sem representação alguma e que, pelo visto, não lê e não leu um único livro, nem mesmo a biografia de seu ídolo, o torturador da época da ditadura, Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Mas, as declarações absurdas de Bolsonaro já fazem parte do cotidiano desde quando ele era um insignificante deputado federal, que era motivo piada quando falava coisas sem sentido para obter 15 minutos fama. Só que de 15 em 15 minutinhos, agora ele tem horas e horas para falar as bobagens que quiser e chamar a atenção para si do Brasil e do mundo, e encobrir as bobagens que seus filhos falam é fazem também.

Ano novo velhos e caquéticos problemas. Na Cidade do Rio de Janeiro, a saúde continua muito doente, na UTI, em estágio terminal. O último boletim divulgado pela imprensa informa que não houve melhora do quadro clínico. Hospitais, UPAs e Clínicas da Família continuam com serviços precários e funcionários ainda sem recebimento de salários, alguns recebendo agora o pagamento de meses anteriores. E o Prefeito Marcelo Crivella? Se preparando para tentar a reeleição, fez o réveillon de todos os tempos, e até virou carnavalesco, já em campanha eleitoral. Implantou no Rio 50 dias de carnaval para incrementar o turismo, e o projeto Cuidando da Cidade, e começou pelo bairro do Rio Comprido, na Zona Norte. E mesmo sendo hostilizado pelos eleitores, inaugurou o programa. São as eleições já realizando milagres em 2020. O que não foi feito em 4 anos, neste talvez seja.

É, pelo visto os Orixás regentes, Deus, Jesus e todos os santos e entidades que estejam cuidando deste ano terão muito trabalho. Pois 2020 não será o ano da justiça, verdades e descobertas e da transformação, mas também o ano da exaltação ao absurdo. O mundo preso ainda nos anos 20 do século XX.

Mas, com todo retrocesso é absurdo, desejo um feliz 2020 aos sobreviventes do caos e muito axé, é claro.

 

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Carla Regina
Sou estudante do último período da faculdade de Jornalismo, gosto muito de ler e de escrever. Me acho simpática, pelo menos é o que me dizem as pessoas quando me conhecem, mas creio que eu seja sim, pois adoro fazer novas amizades e conservar as antigas. Comunicativa, dinâmica e muito observadora, um tanto polêmica. Gosto muito de trabalhar em equipe, mas, dependendo da situação, a minha companhia para trabalhar também é ótima. Pois, na minha opinião, a solidão aguça a criatividade, fazendo com que a mente e os pensamentos fluam um pouco melhor. Comecei a trabalhar muito nova, ainda quando criança e já fiz muita coisa na vida, mas meu sonho sempre foi ser Jornalista e Historiadora, cheguei a ter muitas dúvidas de qual faculdade cursar primeiro, já que para mim as duas carreiras são maravilhosas. Então, resolvi entrar primeiro para o Jornalismo e no decorrer do curso percebi que cursar a faculdade de História não era só uma paixão, mas também uma necessidade para linha de jornalismo que que pretendo seguir. Como sou muito observadora e curiosa, as duas profissões têm muito a ver com minha pessoa. Amo escrever e de saber como tudo no mundo começou, até porque. tudo e todos tem um passado, tem uma história para ser contada.