Atrair os olhares para a Zona Oeste do Rio de Janeiro. Esse é um dos principais motivos que Frederick Assis e seu amigo Gabriel Domingos criaram a página “Não Temos Roteiro” e, em seguida, o ensaio fotográfico coletivo. Com um ano de existência e um pouco mais de 11 mil curtidas, o projeto tem o objetivo de enaltecer a beleza do ser e viver periférico. Nesse um ano já foram realizados sete ensaios coletivos, os últimos aconteceram nos dias 27 e 28 de janeiro.
Segundo Frederick, que além de criador é um dos maiores responsáveis pela parte fotográfica do projeto, a ideia de enaltecer a beleza periférica veio da base que forma o Não Temos Roteiro. “Todos somos pessoas periféricas e temos esse nosso corpo favelado”, disse.
Além disso, ele apontou que mostrar para as pessoas dentro e fora da Zona Oeste, que estão conseguindo fazer algo que ninguém acreditava que conseguiriam, dá mais força e incentivo para que se produza ainda mais nas periferias e favelas.
Mesmo que a iniciativa tenha sido dada por pessoas da Zona Oeste, Frederick afirma que os modelos podem vir de qualquer lugar periférico, como a Zona Norte e a Baixada Fluminense. Na produção do ensaio, ficam em média nove pessoas por trás. Uma sendo responsável pela fotografia, outra pelo making off, uma pelas assinaturas dos termos de autorização de imagem, Frederick na produção geral com um assistente e quatro fotógrafos da própria Não Temos Roteiro. Além dos quatro fotógrafos, Frederick contou que eles costumam chamar fotógrafos amigos e que, atualmente, muitos outros estão se convidando para trabalhar nos ensaios coletivos.
-“Com isso, a gente passou a fazer um termo de autorização específico para esses fotógrafos, pra saber para onde essas imagens irão para que a ideia central não seja perdida”, disse.
Ensaio solidário
Os ensaios coletivos, além de transmitirem a beleza daqueles que são esquecidos diariamente, também ajudam quem mais precisa de apoio. Para participar dos ensaios geralmente é pedido doações que, até então, eram enviadas para um orfanato em Santa Cruz, na Zona Oeste. Frederick afirmou que pelo fato da Não Temos Roteiro trabalhar profissionalmente em festas e ensaios fechados, os ensaios coletivos acabam se tornando algo totalmente em prol da sociedade.
-“Esse ano a gente teve que pedir a doação de R$ 10, pois o local do ensaio já foi mais distante da nossa casa; mas esse dinheiro vai ser todo revertido em doações para orfanatos e igrejas”, pontuou.
Além disso, Frederick disse que no meio do ano eles pretendem fazer um projeto para arrecadar até o Natal um número de brinquedos equivalente ao número de curtidas que eles tem na página, para ser distribuído nas áreas carentes e de risco. “Atualmente, tá acontecendo tanta coisa ruim e a gente quer levar essa coisa boa pra mostrar que estamos aqui fazendo algo”, concluiu.