Nesta quinta-feira (27), os cariocas foram pegos de surpresa com a denúncia de Elizabeth Gomes da Silva, a viúva de Amarildo, por constrangimento contra Marcelo Crivella, senador e atual candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PRB. Segundo ela, a equipe do candidato a teria induzido a gravar um vídeo criticando o adversário político, Marcelo Freixo (PSOL). O caso foi registrado na 11ª DP, na Rocinha.
Em entrevista publicada pela página Jornalistas Livres, Beth diz que na terça-feira (25) cerca de 12 homens da equipe de Crivella chegaram na sua casa por volta das 23h, oferecendo-lhe dinheiro para comprar drogas e gravar um depoimento acusando Marcelo Freixo de desvio dos recursos da campanha “Somos todos Amarildo”, o que Freixo nega. Graças à campanha, a viúva de Amarildo conseguiu comprar sua casa, onde vivia até então.
Elizabeth informou à polícia que, em troca do depoimento, a equipe de Crivella teria lhe oferecido uma reforma na casa e um pagamento mensal de um salário mínimo durante 4 anos de mandato do atual candidato, além da quantia de R$ 190 para comprar drogas. A campanha de Crivella nega as acusações.
De acordo com o advogado da família, João Tancredo, ela é dependente química e teria se entorpecido antes de gravar as imagens. Beth é usuária de drogas e gravou o vídeo após receber dinheiro para comprar cocaína. “Eles falaram: toma aqui e vai lá comprar uma coisinha”. Segundo o advogado, os autores poderiam até responder por induzimento.
Beth se disse surpresa com a visita do grupo e que não havia combinado nenhuma conversa com a equipe. “Eu votei no Freixo, como iria procurar o Crivella? Quem me ajudou foi o Marcelo Freixo, com a morte do meu marido, não o Crivella. Eu não procurei esse povo. Eles vieram falar para mim que iam fazer a filmagem da minha casa para o Crivella ganhar [a eleição], arrumar minha casa e arrumar um dinheiro para mim durante quatro anos”, diz Beth.
Filho de Amarildo nega
Em entrevista para a rádio CBN, Emerson Gomes de Souza, filho de Beth, disse que sua mãe não foi constrangida pela equipe do candidato do PRB e que não teve contato com ela desde o registro da queixa na polícia. Segundo a coluna na Globo de Ancelmo Gois, Elizabeth teria saído da Rocinha por questões de segurança.
De acordo com Emerson, a equipe de Crivella teria realmente ido à sua casa, entretanto, não houve nenhum consumo de drogas. Segundo ele, sua mãe teria pedido à Associação de Moradores da Rocinha para contatar representantes de Crivella e que fosse marcada a entrevista. Ele afirma ter acompanhado todo o encontro e não se lembra se a campanha de Crivella induziu a mãe a falar mal de Marcelo Freixo. “Não, minha mãe tava lúcida. Ela falou uma hora de gravação. Não sei se ela criticou o Freixo, ela falou mais sobre a nossa família, sobre a vida do meu pai”, complementa Emerson.
Em nota à imprensa, a assessoria de Marcelo Crivella alegou que foi avisada pela Associação de Moradores da Rocinha de que a viúva de Amarildo queria falar com eles, tendo recebido quatro vídeos com denúncias. A campanha também disse que uma equipe de quatro pessoas foi ao local para ouvi-la e negou que tenha ocorrido consumo de drogas ou álcool.