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Várias entidades e personalidades receberam o Prêmio Camélia da Liberdade 2015 – Ação Afirmação, Atitude Positiva, na noite de ontem, no Vivo Rio. A premiação é uma iniciativa do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), e este ano teve  como tema “Memória e Ancestralidade”. A intenção é estimular o desenvolvimento de projetos de ações afirmativas, de valorização da diversidade e inclusão étnica. As seguintes categorias foram premiadas ontem: Personalidades, Instituições de Ensino Poder Público, Veículos de Comunicação e Empresas.

Um dos momentos mais marcantes foi quando a Iyalorixá do Candomblé, Mãe Beata de Iemanjá, em seu discurso de agradecimento, afirmou que aquele prêmio não era dela, mas sim de toda mulher negra sofredora nas favelas, de todo adolescente que sofreu violência, de todo praticante de religiões afro-brasileiras que passou por intolerância religiosa.

Hamilton Oliveira, o Dj Branco, produtor e apresentador do programa Evolução HipHop na Rádio Educadora, um dos premiados da noite, lembrou que a sociedade brasileira ainda é muito racista, que mesmo na Bahia, um dos estados com mais negros em sua população, há muito racismo. E que este quase que impossibilitou a realização de seu programa de rádio.

Um fato que revela o quanto temos ainda de lutar por projetos de ações afirmativas, de valorização da diversidade e inclusão étnica, de luta contra o racismo, é que nenhuma empresa foi contemplada nesse quesito este ano.

A premiação teve como abertura uma apresentação do Jongo da Serrinha.

Eis a lista completa dos premiados na noite:

PERSONALIDADES

Jokotoye Bankole Awolade

Yedo Ferreira

Pastor Ayodele de Balogun

Mãe Beata de Iemanjá

Vereador Armando Azambuja – Viamão (RS)

Mário Lúcio Duarte Costa – Goleiro Aranha

Professora Willivane Ferreira de Melo – Pará (PA)

EXPERIÊNCIAS EDUCACIONAIS (LEI 10.639/03)

Pré-vestibular Quilombola – Bahia (BA)

Núcleo de Estudos Afrobrasileiros/Ufal

Grupo de Estudos Afroamazônico/UFPA

Instituto Federal de Santa Catarina

Núcleo de Estudo sobre Educação, Gênero, Raça e Alteridade NEGRA/UNEMAT – Mato Grosso (MT)

VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO

Programa Evolução Hip Hop – CMA Hip Hop

Jornal O Globo – jornalista Dandara Tinoco

TV Brasil – pela veiculação da novela angolana

Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial Cojira/DF

Rádio Nacional – Programa ‘Ponto do samba’

ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS E INSTITUIÇÕES PÚBLICAS

Prefeitura de Aracaju – Secretaria Municipal de Inclusão Racial

Presidência da República – pela Lei 12.990/14

Coordenadoria de Educação para a Promoção da Igualdade Racial – Pará (PA)

Secretaria Executiva de Direitos Humanos – Pernambuco (PE)

Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis

Para quem foi, e ficou curioso sobre o poema falado pelas “Deusas Negras”, na entrada do evento, eis ele.

Ressurgir das cinzas – Esmeralda Ribeiro

Sou forte, sou guerreira,
tenho nas veias sangue de ancestrais.
Levo a vida num ritmo de poema-canção,
mesmo que haja versos assimétricos,
mesmo que rabisquem, às vezes,
a poesia do meu ser,
mesmo assim, tenho este mantra em meu coração:
‘nunca me verás caído ao chão’
(…)
Sou guerreira como Luiza Mahin,
Sou inteligente como Lélia Gonzáles,
Sou entusiasta como Carolina Maria de Jesus,
Sou contemporânea como Firmina dos Reis
Sou herança de tantas outras ancestrais.
E, com isso, despertem ciúmes daqui e de lá,
mesmo com seus falsos poderes tentem me aniquilar,
mesmo que aos pés de Ogum coloquem espada da injustiça
mesmo assim tenho este mantra em meu coração:
“Nunca me verás caída ao chão.”

(Ribeiro, Esmeralda 2004: 63)