É um momento de solidariedade, de apoio mútuo entre os estados do Nordeste.
A Bahia tem uma contribuição no combate ao crime organizado.
O Governador da Bahia, Rui Costa (PT-BA), eleito com um dos maiores percentuais de votos válidos no Brasil em 2018 (75,7%), concedeu entrevista ao Jornal “A Voz da Favela”, na qual falou sobre os avanços da educação pública no estado, apesar dos cortes anunciados pelo Governo Federal para as Universidades Federais, incluindo a UFBA; Reforma da Previdência, especialmente os pontos que considera sensíveis, como a capitalização e a perda de benefícios para os trabalhadores rurais; desemprego, que está diretamente ligado à economia; investimentos em segurança pública e a união com os demais governadores da região – por meio do Consórcio Nordeste, do qual é Presidente -, para somar forças e driblar a falta de investimentos federais na região.
O Ministro da Educação anunciou um corte de 30% nas verbas das Universidades Federais, incluindo a UFBA, alegando que as instituições não apresentaram desempenho esperado e, ao mesmo tempo, promoveram “balbúrdia” em seus campus.
ANF- Como o senhor se posiciona em relação à notícia?
Consideramos um desastre. Muito lamentável. O Ministro da Educação, em vez de cuidar com carinho das nossas universidades, resolveu promover militância ideológica, política e partidária no ensino. Esse viés dificulta todo o desenvolvimento do país. Educação não é uma área que cabe esse tipo de posicionamento. Temos visto, todos os dias, notícias sem sentido e ataques desprovidos e gratuitos às nossas universidades, o que é um perigo! A UFBA é uma universidade reconhecida em todo país e referência no Nordeste. O Brasil vive um momento muito difícil, é inaceitável o descaso do Governo Federal com a educação.
ANF- E qual impacto desse corte nas Universidades Estaduais, como a UNEB?
A Bahia, graças a Deus, está entre os três estados do Brasil que mais investem em educação superior: o primeiro é São Paulo, depois a Bahia e, e o terceiro, o Paraná. Estamos valorizando os profissionais, tanto do ensino básico, quanto superior. O orçamento do Estado para educação é de cerca de R$ 1,7 bi. Os baianos e baianas, eu inclusive, sentimos orgulho da Bahia priorizar o ensino superior e posso afirmar que também estamos entre os três estados brasileiros que melhor pagam os professores, dados que estão disponíveis em qualquer relatório de transparência. Anunciamos um incremento de R$ 36 milhões para as universidades estaduais e propusemos aos professores reestruturar as carreiras, o que pode vir a beneficiar cerca de 900 profissionais, com possibilidades de serem promovidos, caso a proposta seja aceita. É o máximo que conseguimos fazer dentro dos limites da responsabilidade fiscal, que é o meu perfil.
ANF- Qual o seu posicionamento sobre a Reforma da Previdência?
Eu tenho me posicionado contra a reforma que está sendo proposta, principalmente ao item que fala de capitalização; não tem nenhum país desenvolvido que tenha adotado esse modelo, além do tocante ao que se pretende fazer em relação à aposentadoria rural, do benefício da prestação continuada (BPC), que inviabiliza o acesso do trabalhador rural aos benefícios do INSS. Uma Reforma da Previdência não pode alcançar as pessoas mais pobres e carentes e manter os privilégios dos mais ricos.
ANF-Os números da violência no Estado diminuíram. Quais ações foram adotadas pelo poder público para reduzir essa estatística?
Nos últimos quatro anos, tivemos reduções consecutivas dos números de ocorrências na região do nordeste. A Bahia tem uma contribuição nessa parcela de combate ao crime organizado, colaborando positivamente para o serviço de segurança pública, com investimentos em equipamentos e gratificações para categoria. No primeiro trimestre deste ano, tivemos redução de 18% nos índices de violência. A Bahia comemora o serviço prestado à sociedade baiana e a outros estados, quando solicitado. Estamos fazendo nossa parte, mas é preciso considerar que o crime organizado tem articulação nacional e os estados têm que trabalhar em conjunto no combate à violência.
ANF-Como o Estado tem enfrentado o desemprego?
O desemprego voltou a crescer no Brasil, mas isso aconteceu em função da má condução da economia por parte dos governantes. O aumento do emprego, ou ausência dele, são reações da economia nacional. Se a economia vai mal, o desemprego aumenta, se a economia vai bem, a quantidade de empregos volta a crescer. “Se a estrada está interrompida, criamos um novo caminho”. Essa frase usada pelo senhor, em entrevista ao jornal O Globo, para falar sobre o consórcio nordeste, define a força e a luta do povo nordestino.
ANF- Quais as expectativas do consórcio para lidar com as dificuldades da região, diante do cenário inicial de abandono por parte do atual Governo Federal?
Exatamente assim: estamos unindo forças. Recentemente, diante da crise de segurança no Ceará e Piauí, enviamos um grupo de homens que ajudara a amenizar o problema. Então, é um momento de solidariedade, de apoio mútuo entre os estados do Nordeste que, com o consórcio, ganha formalidade e perenidade para podermos trabalhar de forma continuada e consolidar as ações.
Matéria publicada no Jornal A Voz da Favela, edição de Maio2019