Era só mais um Silva. O nome do cara Jorge Silva, a pouco menos de duas semanas ele apareceu numa entrevista do jornal O Globo, numa matéria especial sobre a falta de direitos nas comunidades de baixa renda no Rio de Janeiro. Jorge Silva só foi procurado pelo jornal O Globo porque denúnciou junto ao 16° batalhão de polícia, a corregedoria unificada e a Secretária de Segurança pública, que funcionários públicos da área de segurança haviam montado um grupo paramilitar, se associado a um grupo de delinqüentes e invadido a comunidade conhecida com Kelson’s em Manguinhos. Jorge Silva era o então presidente da associação de moradores e realizava um serviço social na comunidade. Tinha também dois pequenos comércios, um de gás e um trailer onde vendia sandubas.

No inicio desta semana o Globo e outros jornais do Rio publicaram matérias dando a prisão dos policiais bandidos que intimidavam os moradores da Kelson’s que ficaram presos por setenta e duas horas. Foram ouvidos, negaram tudo e foram soltos sendo que um dos policiais se quer foi preso, pois alegou estar com problemas de saúde.

Hoje de manhã ao pegar o jornal li num canto de pagina que JORGE SILVA, cidadão carioca que teve a coragem de denúnciar funcionários públicos com desvio de função, foi assassinado com cinco tiros na frente de cinqüenta pessoas no bairro de Rocha Miranda. Os assassinos colocaram o seu corpo no branco de trás de seu carro e levaram.

Este tipo de ação é muito parecida com os seqüestro seguidos de morte da época da ditadura, onde centenas de militantes de esquerda não foram enterrados até hoje.

Certamente Jorge será brevemente esquecido. Jorge não fazia parte da classe média que clama por Paz, Jorge clamava por justiça. Jorge não era coordenador de nenhum movimento de defesa de porra nenhuma, Jorge só queria voltar a fazer o seu trabalho na sua comunidade. Jorge fez tudo o que tinha que ser feito dentro do estado de direito e em troca teve sua vida ceifada por indivíduos que estão se apropriando das vidas alheias sem que ninguém faça nada.

Será que amanhã haverá milhares de populares no calçadão de Copacabana pedindo punição para os assassinos de Jorge e que entreguem seu corpo para a família lhe dar um enterro decente? Será que os camisetas brancas, ongueiros de plantão vão se indignar com a morte de Jorge? Como é possível? Como?

 

Jorge era só mais um Silva que a estrela não brilha!