A Àbámodá, primeira Escola Livre e Gratuita de Moda, Arte e Cultura da Bahia, está com inscrições abertas até dia 26 de julho para empreendedores e criativos que tenham interesse na área de moda. Serão ofertados 6 cursos formativos: corte e costura, modelagem, estamparia, jóias em metais, biojoias e crochê, todos ancorados em referências étnicas e identitárias afro-indígenas. As aulas vão acontecer semanalmente, em Cachoeira (BA), a partir do dia 07 de agosto, com duração de cinco meses. Para cada curso serão disponibilizadas vagas em duas turmas: uma na sede da Àbámodá, localizada no centro da cidade (Rua João Vieira Lopes, nº 2), e outra no Quilombo Engenho da Ponte.
Jovens e adultos de todos os gêneros, a partir de 16 anos, de qualquer território baiano podem se inscrever para participar do processo seletivo. O projeto também abre espaço para mães adolescentes, a partir de 14 anos, desde que estejam matriculadas e assíduas na escola. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas aqui. Dúvidas e mais informações estão disponíveis na página do instagram @abamoda.escolalivre.
Esta é a primeira fase do projeto, que ainda vai disponibilizar aulas voltadas para áreas da gestão como: finanças, vendas, comunicação e marketing. A próxima fase contribui na produção e exposição das peças criadas pelos alunos, além de selecionar aqueles que desejem empreender na área para participarem de um estágio laboral e processo de incubação. Nesta fase final, será realizada uma análise técnica para investir recursos financeiros de acordo com a demanda de cada negócio.
A escola nasce da experiência de mais de 20 anos da pesquisadora e gestora cultural, Luísa Mahin, que desde 2022 propõe e estuda metodologias para qualificação profissional e geração de renda voltadas para mulheres e comunidades afro-indígenas da Bahia. “Queremos fomentar sonhos, proporcionar perspectivas de vida, de trabalho e renda, através da economia criativa e identitária”.
Metodologia focada no ser integral e na identidade étnica-territorial
“Àbámodá” é uma palavra iorubá que significa “o que você deseja, você faz” e também nomeia uma planta conhecida como “Folha da Fortuna”. A coordenadora Luísa Mahin explica que a metodologia foca no ser integral, contemplando sua relação com o trabalho, identidade, cultura e propósito pessoal.
Em sua trajetória, Luísa percebeu que apenas a formação técnica não era suficiente para impulsionar os negócios dos alunos, principalmente em relação a um público socialmente vulnerável. “Identifiquei outras necessidades como rede de apoio, fortalecimento emocional e recursos para iniciar seus empreendimentos. Por isso, nós também vamos trabalhar com ferramentas terapêuticas e rodas de conversa, realizar estágio remunerado e, para quem optar em empreender na área, vamos ter esse investimento semente direcionado para construção do planejamento de cada negócio”.
A metodologia também passa por pesquisas de identidade e estudos sobre referências étnicas “Vamos pesquisar os produtos naturais do território para usar nos tingimentos; pensar nos elementos, iconografias e grafismos indígenas e africanos para a produção de estampas, entender como a cultura local pode estar presente em cada peça. Queremos acessar nossas memórias e histórias, para criar produtos que falam disso”, conclui Luísa.
O projeto, realizado pelo Instituto Casa de Barro e pelo Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura (MinC) e da Secretaria de Formação Cultural, Livro e Leitura (Sefli), integra o conjunto de ações do Programa Olhos D’água – da Rede Nacional das Escolas Livres de Formação em Arte e Cultura.