Em uma mensagem suscinta, o arquiteto Eduardo Colonelli informou à reportagem da ANF que o Escritório Paulistano de Arquitetura desistiu do projeto do Memorial dos Aflitos, que havia sido escolhido em concurso promovido pela Secretaria Municipal de Cultura. Ele não informou os motivos, mas o projeto foi alvo de críticas de organizações sociais representantes de negros, indígenas e religiosos.
A desistência, segundo Colonelli, foi protocolada na secretaria Municipal de Cultura no dia 2 de agosto, terça-feira passada. O projeto era acusado de não atender a sete reivindicações de alteração, além de desconsiderar a memória indígena – o local onde será construído o Memorial dos Aflitos, se for construído, guarda a memória de negros e indígenas, que eram enterrados Cemitério dos Aflitos, primeiro campo-santo público da capital paulista.
O resultado do concurso que escolheu o projeto do Escritório Paulistano de Arquitetura saiu em abril. De lá para cá, os desentendimentos entre os vencedores do concurso, a secretaria Municipal de Cultura e entidades só aumentaram. A relação se agravou em reunião realizada em 24 de maio na Capela dos Aflitos, que fica ao lado do futuro Memorial dos Aflitos, no bairro da Liberdade.
Os sete pontos da discórdia
Os sete pontos questionados do projeto são:
Demolição do velário e da área anexa (sacristia, lojinha, copa e banheiro) da Capela dos Aflitos, imóvel tombado na esfera municipal e estadual;
Necessidade de um velário em espaço aberto;
Utilização da terra do próprio espaço para erguer paredes de taipa do Memorial dos Aflitos, pois se trata de solo sagrado, reconhecido como sítio arqueológico;
Construção de ossário para exposição dos remanescentes humanos encontrados na escavação do local;
Desconsideração da história indígena do território;
Falta de espaços como vestiário, sanitários e copa;
Falta de reserva técnica.
A Secretaria Municipal de Cultura deve ter um posicionamento sobre a desistência do projeto nesta semana.
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