Salve!
Há algum tempo acompanho o trabalho da Agência de Notícias das Favelas (ANF) e sonho com algo desse tipo por aqui.
Mas tinha medo de dividir a parada e estava esperando uma folga pra poder fazer contato. E dias atrás me convidaram para somar no projeto. Orgulho! Este é o primeiro texto que escrevo.
Sempre tentarei falar do projeto que estamos implantando numa quebrada aqui de São Bernardo do Campo (SP). Falarei sobre as dificuldades, as vitórias, a burocracia… Isso pra que outros manos e minas possam sonhar e fazer projetos semelhantes em suas quebradas. Porque nós podemos!
A Sociedade Amigos de Bairro Vila Esperança até 3 anos atrás tinha apenas o Sr. Sebastião, que com boa vontade, fazia muita coisa pela favela. Asfaltamentos de ruas, ligações de luz, alugava a sede da sociedade pra eventos, o serviço de correios, etc… Formamos um grupo pra ajuda-lo, começamos em umas 9 e agora estamos em 4 pessoas apenas.
Fizemos projetos para a prefeitura, perdemos algumas vezes. Mas nas derrotas em dois anos, aprendemos muito. Ano passado conseguimos com ajuda de duas pessoas, fazer um projeto pra ponto de cultura. Neste projeto vamos implantar um ponto de acesso à internet (com curso de informática), uma biblioteca, jornal e rádio comunitária. Fora fortalecer as coisas que já têm: uma sala de Alfabetização de Jovens e Adultos, Capoeira, Ballet e judô.
Estamos ainda no início e você poderá acompanhar todo este trajeto. Uma primeira dificuldade está sendo montar uma boa equipe de trabalho. Pois ninguém tem tempo para fortalecer a quebrada! Cada um correndo atrás do seu! Mas estamos aprendendo que fortalecendo a favela, todo mundo cresce. O sistema quer que seja assim: cada um na sua, pra ganhar um salário de miséria e se manter sempre dependente. Nós queremos fortalecer a quebrada pra que ninguém tenha que precisar deste sistema. Imagina: todo mundo trabalhando na própria quebrada e ganhando bem, fazendo o que gosta, fortalecendo as famílias…
É sonhar alto? Talvez seja! Mas sonho impossível é acreditar que é possível ser feliz nas coisas como estão. Neste sistema de economia que a cada dia nos dá mais esmolas para nos acorrentar mais. Quer saber? Não queremos esmolas, queremos viver bem. E se os governos se provaram incapazes de fazer por nós, porque têm rabo preso com as empresas dos milionários, vamos fazer por nós mesmos! Aproveitando do que eles puderem nos ajudar (cobrando nossos direitos) e fazendo por nós….
A esperança está viva! Só depende de nós.
Um vídeo com imagens de nossa quebrada (que é muito parecida com qualquer outra): httpv://www.youtube.com/watch?v=EVjvQ57zMGY
Hugo Matos é professor de filosofia.