Espetáculo BÔ
Foto: Renato Mangolin

O novo trabalho da Companhia de dança R.E.C.estreia no sábado, 9, na Arena Carioca Dicró, na Penha.  , que significa Você ou Tu em crioulo cabo verdiano – o terceiro trabalho do grupo – é uma criação sobre incorporações velozes, estados fugazes e fragmentos da memória. A pesquisa que deu origem ao espetáculo apresenta novos rumos da improvisação na dança. O público poderá prestigiar o trabalho até dia 17 de maio, domingo.

A partir da construção de estados, os intérpretes promovem criações instantâneas de movimentos e encontros inusitados. O trabalho, além disso, encontra inspiração em fenômenos do universo como órbitas, magnetismo, forças de atração e repulsa entre corpos, gravidade.

Na relação entre as experiências de movimento mais inconscientes e certos padrões do universo,  cria uma teia aparentemente caótica, mas de ligações consistentes. O trabalho apresenta uma dança intensa, carregada de humor e delicadeza.

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Foto: Renato Mangolin

A coreógrafa Alice Ripoll explica que outra influência para a construção da coreografia foi o universo construído pelo cineasta Tarkovski no filme “Solaris”, de 1972. “Neste filme são traçados paralelos entre estados de consciência, realidade dos fenômenos psíquicos como a memória, e um planeta desconhecido”. Padrões de movimentos dos astros, como as órbitas, inspiraram o grupo a visitar um ambiente ritualístico e a ancestralidade africana, de onde aparecem influências da capoeira na movimentação, e das batucadeiras de Cabo Verde na música do trabalho.

A improvisação remete a um retorno às origens do grupo, como explica a coreógrafa Alice Ripoll. “O trabalho com estados de improviso também é uma retomada as origens do grupo, pois a primeira linguagem de movimento dos bailarinos foi o hip hop, onde tem muito improviso na dança e na música”, conta. O resultado é um espetáculo forte, denso e profundo em que o público poderá conferir a partir do 9 de maio.

Nos trabalhos anteriores – Cornaca e Katana – o grupo se aprofundou em uma linguagem baseada em contato, com coreografias que exploram duos, trios ou os cinco bailarinos. Foram exploradas imagens que surgem do encontro dos corpos, encaixes, aproximações, refletindo diferentes maneiras de se relacionar. No novo espetáculo, criações instantâneas provocam encontros na velocidade de partículas mas com a força de corpos.

Após temporada na Arena Carioca Dicró,  segue para o Teatro Angel Vianna no Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro, na Tijuca, em apresentações nos dias 22, 23 e 24 de maio – sexta a domingo.  Ainda estão previstos espetáculos na zona sul ou centro da cidade, ainda sem as datas definidas.

Bô faz parte do projeto Cia REC – Manutenção 2015 e possuiu patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura. O espetáculo tem duração de 50 minutos, classificação 10 anos e o ingresso custa R$ 2,00.

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Foto: Renato Mangolin