O deste ano foi um Natal diferente dos recentes, e o Révéillon promete ser dos mais animados de que se tem notícia nos últimos anos por conta do peçonhento, o nefasto, o infausto presidente em má hora eleito no final de 2018 como resultado da trama antidemocrática iniciada exatos quatro anos antes, no momento em que Aécio Neves (outro péssimo perdedor) jurou de mãos postas derrubar a vitoriosa reeleita Dilma Rousseff. E tantas fez que conseguiu seu impeachment ano e meio mais tarde.
Na galeria dos vilões brasileiros transmutados em heróis da moralidade anticorrupção estavam Sérgio Moro, Marcelo Bretas, Deltan Dallagnol, delegados da Polícia Federal, policiais voluntariosos, agentes penitenciários, guardas de esquina, fiscais de trânsito e qualquer um que se julgasse no direito de zelar pela honestidade alheia; nunca a sua própria. Reunidos em barulhenta alcateia, os lobos atiçaram a cumplicidade da mídia, a opinião pública, os congressistas e tiraram do poder a presidente, abrindo espaço ao vice Vampiro da Mesóclise.
Assim foi pavimentado o chão para a passagem do Mito das Milícias rumo ao Palácio do Planalto, que seria vitorioso com uma condição: que Lula fosse preso e condenado, tornando-se inelegível, posto que era o favorito em todas as pesquisas eleitorais. Seja franco, você que acompanha estas linhas: alguém diria que Lula não estava acabado depois de 580 dias encarcerado na Polícia Federal em Curitiba? Com a derrota de Fernando Haddad para o Toscão das Rachadinhas, você imaginaria a volta por cima espetacular de Lula na campanha e nas urnas deste ano que termina daqui a pouco?
Por isso eu digo e reafirmo que o Natal de 2022 foi diferente dos anteriores recentes. As rabanadas tinham gosto de esperança, o vinho era alegria engarrafada, pernil, farofa de ameixas, arroz de forno, tudo sabia ao porvir de fé verdadeira em dias melhores, sem armas, ódio, medo, desconfiança, sustos e sobretudo mentiras, “fake news”. Esta certeza guardamos no peito e nela confiamos.