Localizado da Escola Técnica Parque da Juventude, antigo pavilhão 4 da Casa de Detenção de São Paulo, o tristemente famoso Carandiru, o Espaço Memória Carandiru realiza, online e presencialmente, palestras e rodas de conversa mediadas por convidados sobreviventes do sistema carcerário, como preferem ser chamados.
Além disso, aos sábados, uma vez por mês, é realizado o Roteiro de Memórias. “É uma caminhada pelo parque que propõe diálogo e reflexão sobre o que foi e o que é esse espaço hoje em dia”, explica Nádia Lima, técnica em museologia e educadora no Espaço. Todas as ações são acompanhadas de interprete de libras.
O tema de junho é o Combate à Desinformação. O objetivo é desmistificar informações falsas sobre os direitos da população presa. É possível acompanhar a programação pelo Instagram.
O local conta com mais dois educadores, Helen Baum, pós-graduada em direito penal, e Maurício Monteiro, gestor ambiental e sobrevivente do Massacre do Carandiru, ambos ex-detentos.
A contratação do corpo docente e realização das novas atividades foi financiada pelo ProAC (Programa de Ação Cultural de São Paulo) conquistado em outubro de 2022.
O incentivo tem duração de um ano, o que gera insegurança para o corpo docente quanto ao futuro do local a partir de novembro de 2023. Nádia acredita que ele voltará a depender de trabalho voluntário.
Espaço Memória Carandiru
Sob responsabilidade do Centro Paula Souza desde 2009, o Espaço Memória Carandiru foi aberto para visitação agendada a partir de 2018. Apenas em abril de 2023 ele passou a funcionar integralmente, de segunda a sábado, das 10 às 17 horas, e às quintas, das 14 às 21 horas.
Não há necessidade de agendamento e todas as visitas são mediadas pelos educadores.
O acervo é composto por objetos coletados dos pavilhões da penitenciária entre 1998 e 2001 pela fotógrafa Maureen Bisilliat, que posteriormente os utilizou para criar a exposição Sobrevivências: uma exposição Sobre Vivências: Carandiru, instalada no Museu da Casa Brasileira em 2014.
Mesmo aberto ao público em tempo integral, o Espaço Memória Carandiru recebe poucas visitas. Mostrar seu valor para a população ainda é um desafio. As entrevistadas acreditam que seja devido ao processo de apagamento da memória do massacre de 1992.
Exemplo disso é a placa que contém a linha do tempo da penitenciária, feita para a exposição de Maureen. As informações contidas se referem ao ano de 1978, depois saltam para 2002, ignorando o que ocorreu dez anos antes.
“Desativar uma penitenciária e ressignificá-la em escolas é super importante. O problema é a forma que eles fizeram isso, né? Apagando uma história sensível para esconder os crimes que o Estado cometeu é mais uma violência”, conclui Helen.
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