Ana Cristina Siqueira Valle, que foi casada com o então deputado Jair Bolsonaro entre 1997 e 2008 comprou no período 14 imóveis, dos quais cinco foram pagos com dinheiro vivo, segundo reportagem publicada hoje. A evolução patrimonial representa mais de um imóvel por ano durante a lucrativa união. Ela é investigada pelo Ministério Público do Rio por de ter sido funcionária fantasma do gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho de outro casamento do presidente, na Câmara do Rio, de 2001 a 2008.
Ana Cristina não tinha imóveis antes de se envolver com Bolsonaro, em 1997. Os bens adquiridos entre aquele ano e 2008, quando se separaram em litígio, somariam R$ 5,3 milhões, em valores corrigidos e incluem apartamentos, casas e terrenos. Os dois têm um filho juntos, Jair Renan, o adolescente que namorou metade das meninas do condomínio Vivendas da Barra, inclusive a filha do miliciano Ronnie Lessa, preso pela execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, em março de 2018.
O próprio Bolsonaro não tinha muita coisa registrada antes do casamento com Ana Cristina, apenas dois apartamentos no Rio e um terreno em Angra dos Reis. Foi na década do vínculo entre os dois que o casal construiu patrimônio. Além da ex-mulher, outros membros da família Siqueira Valle integraram os gabinetes da família Bolsonaro. Eles também são investigados pelo MP – tanto no inquérito contra Carlos quanto na apuração do caso Queiroz, que mira o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A Promotoria apresentou, na investigação, indícios de que esses parentes chegavam a transferir quase a totalidade dos salários como assessores para Fabrício Queiroz, o suposto operador de Flávio no esquema.
Jair Bolsonaro, nunca é demais lembrar, teve como principal bandeira da campanha vitoriosa à presidência o combate à corrupção e o abandono da velha política do “toma lá, dá cá”. A propósito, a mídia anunciou hoje a indicação de Davidson Tolentino de Almeida para o cargo de diretor de revitalização da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).
Tolentino, tanto quanto o padrinho politico Ciro Nogueira, presidente do PP, estão enrolados na Lava Jato em denúncias de corrupção, mas Bolsonaro vai nomear, mesmo contra seus rígidos parâmetros morais e éticos, porque precisa dos votos do partido para barrar um possível pedido de impeachment.