O general Júlio César de Arruda assume o comando do Exército nesta sexta-feira, em solenidade antecipada para antes da posse do presidente Lula, o que foge ao padrão, ao protocolo e aos cânones da administração pública desde pelo menos 1889, quando foi proclamada a República.
Ele substitui o general Marco Antônio Freire Gomes, nomeado por Jair Bolsonaro em meio à gestão, quando trocou os três comandantes militares que discordavam velada ou abertamente de sua política golpista. A missão inaugural que provoca a antecipação da posse de Arruda é exatamente pôr fim ao acampamento bolsonarista na área do Quartel General.
O acampamento foi tolerado e, eventualmente, ajudado pelo comando simpático ao presidente golpista. Juntamente com pessoas vindas dos mais distantes bolsões da nova direita radical brasileira, esposas e familiares de militares residentes no Setor Militar Urbano também aderiram ao movimento com presença marcante e ruidosa.
Na antevéspera do Natal, o Exército divulgou a mensagem de praxe do comandante à família militar, noticiada assim na imprensa: “Ao continuar, Freire Gomes parabeniza pelos resultados obtidos em 2022 e exalta a hierarquia, disciplina e coesão da tropa, além de agradecer aos soldados por viverem para servir ao Exército e ao Brasil. O comandante finalizou desejando feliz Natal e Ano Novo, sem nenhuma menção política.”
Em mais de três minutos, o general ignorou solenemente o acampamento de dois meses à porta de casa e os manifestantes pelo golpe de estado militar.
A gota d’água para acabar com o acampamento foi a prisão do terrorista paraense George Washington Oliveira Souza, que está em Brasília para “instaurar o caos”, como disse aos policiais, distribuindo armas e instalando bombas.
Circulou livremente pela capital, visitou o acampamento para estabelecer contatos, ofereceu serviços e produtos, pediu e obteve cumplicidade inclusive de um policial e um bombeiro que garantiram liberdade de ação; enfim, teve pleno êxito em suas tratativas até ser preso por causa da bomba prestes a ser armada nas imediações do aeroporto onde é esperado movimento de 150 mil pessoas no domingo da posse.
A rapidez da reação ao plano de George Washington e possivelmente seis comparsas procurados mostrou que as instituições responsáveis pela segurança na capital federal estão atentas, ao contrário do que imaginam eventuais golpistas, e a evidência maior disso foram explosivos e coletes à prova de balas abandonados num campo na cidade satélite do Gama e recolhidos para perícia. Preso, George Washington está no presídio da capital, a Papuda.
As providências para reforçar a segurança vão muito além do presidente Lula, autoridades e convidados nacionais e estrangeiros, aguardados em grande número como demonstração de prestígio do presidente empossado. Até a futura-primeira dama, Janja, vetou a tradicional salva de tiros na Praça dos Três Poderes, que podem assustar animais domésticos e também o público, o policiamento e atiradores de elite a postos nas imediações.
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