Debaixo do emaranhado de gatos que saem dos postes da Curumaú em Jacarepaguá, alguns moradores enfrentam um grande problema no verão: a falta de luz.
Ao meio-dia, a maioria das lâmpadas nas casas ficam acesas. O ar-condicionado combate o calor em muitas delas. Em outras, a televisão fala sozinha. Como consequência, o transformador desmonta devido ao excesso de carga e pessoas ficam no escuro.
“Eu tinha uma vizinha que tinha que fazer hemodiálise constantemente, e os aparelhos não podiam ser desligados. Toda vez que a luz acabava, a família entrava em desespero” – afirma Benedita.
Já não basta a falta de luz, os habitantes também enfrentam o problema do conserto. A empresa responsável por sua distribuição na cidade do Rio de Janeiro (Light S.A) demora horas para ir até o local para normalizar o abastecimento. “A gente liga várias vezes e eles não passam nem um prazo para enviar a equipe. É revoltante. Já ficamos dois dias sem energia elétrica.” – desabafa o Sr. José.
Jupirema conta que quando se mudou para a comunidade havia um programa em que a conta tinha um valor acessível para cidadãos de baixa renda. No entanto, os aumentos foram constantes e ligações irregulares começaram a surgir devido à dificuldade de arcar com os custos. Atualmente, os moradores que optaram por permanecer na regularidade pagam em média R$150,00 para a empresa responsável pela distribuição de energia elétrica. Se levar em conta que muitos que vivem nas periferias recebem apenas um salário mínimo para sobreviver, aproximadamente 20% desse seria gasto com conta de luz. A dona de casa afirma que se a Light levasse em consideração a vida de quem mora na favela e fizesse um preço acessível, os problemas seriam sanados. “O nosso governo precisa viver aqui com a gente para ver as nossas dificuldades e resolver nossos problemas. A luz aqui é ilegal, e tem gente que não tem como pagar. Se tem apagão a noite, temos que acender vela. Aí está outro risco, se pega fogo em tudo, acabou a nossa vida, não temos dinheiro nem para pagar luz, imagina para reconstruir a vida toda de novo.”
Portanto, as ligações clandestinas além de gerar impacto nas tarifas de clientes regulares oferecem riscos a população. Quando será que essas áreas serão transformadas e integradas aos bairros. Os serviços públicos do asfalto precisam entrar nas favelas. Será que existe uma luz no fim do túnel? Até quando os moradores vão viver nessa escuridão de falta de direitos humanos?
Fonte imagem: natransversaldotempo