Nesta segiunda-feira, 5 de agosto, às 17h30, a Biblioteca Central do Estado da Bahia, nos Barris, em Salvador, abrirá as portas para a exposição ‘Meu Corpo, Suas Regras’, do fotógrafo baiano Vini Ribeiro. Com entrada gratuita e aberta ao público, a mostra questiona os padrões estéticos impostos pela sociedade, promovendo uma reflexão sobre a corporeidade e o direito à existência plena de todos os corpos.

A exposição oferece uma experiência multissensorial, incluindo ensaios fotográficos, experiências táteis, audiodescrição via QR Codes e legendas em braile, garantindo acessibilidade para todos os visitantes. “Esse projeto se propõe a ser uma experiência multissensorial sobre o direito de existir de alguns corpos a partir de ensaios fotográficos que convidam para essa discussão na sociedade brasileira contemporânea.

Ao percorrer esta exposição, somos desafiados a refletir sobre as violências silenciosas que perpetuamos e a lutar pela liberdade de todos os corpos existirem plenamente”, explica Vini Ribeiro.

A exposição é composta por cinco ensaios fotográficos que abordam temas como o consumo exagerado de produtos de beleza, oembranquecimento de pessoas negras em campanhas publicitárias e o capacitismo. No ensaio “Skincare”, a fisioterapeuta e doula Eduarda Barbosa é retratada coberta de argila, criticando o consumo excessivo de produtos de beleza e a negação do corpo natural. Em “Miss Beleza Branca”, a designer de interiores Ana Carolina dos Anjos utiliza maquiagem para questionar o embranquecimento de pessoas negras em campanhas, desfiles e fotografias.


O poeta e idealizador do Sarau do Gheto, Pareta Calderasch, no ensaio “A Pele-Alvo”, aborda os diferentes significados de “alvo”, que ora faz referência ao objeto ao qual se atiram coisas, ora à sua relação com a cor “branca”. Já em “Além das Linhas”, a terapeuta Flôr Costa denuncia a cultura da magreza e a busca adoecedora de um corpo ideal padronizado. O ensaio final, “Insuficiente”, com a escritora Amanda
Soares, que convive com paralisia cerebral, faz uma denúncia explícita e potente contra o capacitismo enraizado na sociedade.


A exposição itinerante, iniciada em julho, já passou por escolas nos bairros de Brotas e Vila Canária, em Salvador, além da cidade de Lauro de Freitas-BA. A programação inclui ainda visitas a outras cidades da Bahia, como Senhor do Bonfim e Camaçari, levando discussões para o ambiente escolar e cumprindo seu objetivo político-crítico, enfatiza Vini Ribeiro.


“Não poderia existir público mais adequado para fomentar essas discussões sobre a necessidade de existência dos corpos do que os estudantes da escola pública da rede estadual, em sua maioria vítimas das mais diversas violências por conta dos seus corpos. Agora, com a exposição aberta e com acesso livre, alcançaremos os mais diversos públicos, convocando todos e todas à reflexão”, conclui o fotógrafo.


Sobre Vini Ribeiro
Aos 34 anos, Vini Ribeiro, criado entre os bairros de Paripe e Caixa D’água, encontrou na fotografia uma forma de expressão. Desde jovem, a fotografia fazia parte de sua vida através dos filmes de 35mm e 12 poses de sua mãe. Começou a fotografar com um celular aos 19 anos, mas precisou adiar esse sonho devido a trabalho e estudos. Formado em Ciências Sociais, realizou um projeto fotográfico com pessoas em
situação de vulnerabilidade social.

Apesar de ter se especializado em fotografia de família por muitos anos, Vini sentiu a necessidade de unir sua formação com seu amor pela fotografia, resultando no projeto “Meu Corpo, Suas Regras”, onde expressa suas angústias e inquietações de forma artística e crítica.