A principal surpresa na retomada da favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro, no último domingo (15), foi o anúncio da expropriação do terreno de uma refinaria.
No fim do expediente, os funcionários esperavam uma explicação sobre o anúncio de que a empresa seria desapropriada. O governo do estado afirma que o terreno é ideal para a implementação de um projeto habitacional e que há muito tempo Manguinhos não funciona de fato como refinaria, mas sim como uma grande distribuidora de combustíveis. Também diz que o decreto de desapropriação será publicado nesta terça-feira (16).
Mas de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, a produção de Manguinhos em agosto desse ano foi maior do que no mesmo período do ano passado.
Outra justificativa para a desapropriação é que a empresa teria uma dívida de mais de R$ 400 milhões em impostos com o estado.
“Ano passado nós pagamos mais de R$ 150 milhões em dinheiro de ICMS e a outra parte está no Tribunal de Justiça porque há um questionamento sobre a aceitação do estado em receber o precatório ou não, mas nós não somos devedores em absolutamente nada”, explica o presidente da refinaria, Paulo Henrique Oliveira de Menezes.
A refinaria fica entre as comunidades de Manguinhos e Jacarezinho, que foram ocupadas pelo Bope e o Exército no domingo. Fuzileiros navais comandavam blindados, que abriram caminho, derrubaram barricadas. Uma tropa de quase dois mil policiais.
Pelo menos seis traficantes já foram presos. Carros, motos, armas, drogas e máquinas caça-níqueis foram apreendidos. Agentes sociais encaminharam 91 dependentes de crack para abrigos.
“Se Deus quiser a partir de hoje não teremos mais uma Faixa de Gaza”, diz o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame.
Fonte: Jornal da Globo