Facebook é literatura? Seria esse book o maior livro coletivo jamais escrito?
São diálogos e monólogos escritos. Podem ser instantâneos, espontâneos ou preconcebidos, mas estão fixados e expostos.
Ou o Facebook é uma imensa rua onde ouvimos diversas conversas? Mas ouvimos com os olhos as conversas digitadas e falamos via teclado. O Facebook mobiliza a força da escrita. É isso que acho instigante, novo, revolucionário – revolucionário no sentido de transformar nossos hábitos cotidianos.
O Facebook me estimula a escrever. É uma arena fantástica, de textos automaticamente expostos aos receptores, que, por sua vez, reagem e escrevem, provocando novas pessoas a também escrever.
Às vezes, vejo o Facebook como um grande muro global, onipresente, lúdico, e os cidadãos, de spray na mão, saem escrevendo, a torto e a direito, opiniões, frases feitas, narrativas do cotidiano. O “curtir” é um comando comunicacional que enriquece a ferramenta, agiliza.
O Orkut era uma sucessão de monólogos e depoimentos. O MSN já era a ferramenta potente, mas íntima, do ato do diálogo. O Facebook é o triunfo do diálogo, que vira debate aberto, que mobiliza. A grande novidade do Facebook é a caixa de diálogo, exposta e aberta à interação.
Foram séculos de “trauma da gaveta”; a escrita como ato solitário e tímido, parcamente interativo. O Facebook liberta essa energia, abre essa caixa de pandora numa grande roda virtual. Seria Zuckerberg o Gutemberg do texto imaterial?
Gerações serão criadas dentro desta interação via escrita. Isso é transformador, liberta potências. Será que esse personagem do escritor solitário, escondendo os textos está com os dias contados? O que virá? Vamos vendo… Mas a arena da expressão e da subjetividade está movimentada.
Outro fenomeno interessante causado pelo Facebook e que vivencio é começar a reconhecer e admirar o texto de pessoas que não conheço. É como reconhecer um estilo. Pessoas que conheço apenas de texto, de expressão escrita via Facebook. Escrita é acesso a subjetividade, pensamento, emoção; o estilo é o uso singular que se faz da potência da linguagem. Isso é interessante como nova via de comunicação, sem mediação, entre sujeitos que escrevem.
Portanto, na minha visão, Facebook é literatura e imenso fenômeno cultural a ser melhor estudado e aproveitado em suas potencialidades.