No último dia 22 de Maio, a Associação Artístico-cultural Odeart em parceria com o Quilombo do Orobu e a VISÃO MUNDIAL, promoveu, no auditório do Colégio Estadual Gov. Roberto Santos a roda de diálogo: “Faces do racismo: do estrutural ao institucional”, para os discentes do ensino médio, que de olhos e ouvidos atentos puderam presenciar uma tarde de frutíferas trocas.

Crédito: Marcelo Santos

O tema escolhido coaduna com o universo de trabalho das organizações envolvidas: a Odeart atua há 12 anos desenvolvendo trabalhos de arte-educação e valorização da cultura afrobrasileira no histórico quilombo Cabula e trabalhando em diversas parcerias institucionais, sobretudo a nível de Organizações da sociedade civil e Poder público.

O espaço de educação e pré-vestibular popular afrorreferenciado Quilombo do Orobu, localizado em Cajazeiras, foi criado em 1999 por um grupo de jovens da localidade como estratégia de enfrentamento à violência e exclusão sociorracial.

O Monitoramento Jovem de Políticas Publicas (MJPOP) é uma metodologia encabeçada por jovens (maioria entre 16 e 24 anos) capacitados para facilitar um processo de empoderamento das suas comunidades e, assim, garantir a efetivação direitos, através de reuniões comunitárias, conversas com poder público, etc. Essa metodologia é realizada pela Visão Mundial em mais de nove estados brasileiros.

A reunião dessas três experiências culminou nesse primeiro evento conjunto: “Faces do racismo: do estrutural ao institucional”

Créditos: Marcelo Santos

As narrativas do poder hegemônico instauraram desde a época da escravização, (com intensificação no pós-abolição) o racismo estrutural que permeia as instituições brasileiras e que naturaliza processos de discriminação e exclusão do povo preto: marginalização midiática, falta de representatividade ou repetição de estereótipos nos meios de comunicação de massa (a “nega maluca”, o negro trabalhador braçal, o negro malandro ou preguiçoso, a negra sexualizada, etc.), as abordagens truculentas da polícia, os baixos salários no mercado de trabalho (sobretudo, das mulheres negras), dentre outros exemplos que repetidamente constroem a teia das relações sociais e formam mentalidades, são flagrantes da violência racial acometida contra os afrodescendentes.

São, em suma, exemplos do racismo estrutural que se torna institucional à medida que norteia as práticas de instituições públicas e privadas. Os diálogos exemplificaram outras práticas destes tipos de racismo e estratégias de afirmação diante da engrenagem racista.

No evento, além do debate central, houve intervenções poéticas com Milica San, Thi Zion, Geilson dos Reis e Luz Marques. Além de mostra teatral com a juventude da Odeart, do espetáculo Cabula Aiyê.

Créditos: Marcelo Santos

 A parceria promete ainda mais. Aguardem os próximos capítulos!

Thiago Ribeiro

REFERÊNCIAS:

http://www.palmares.gov.br/?p=3347

htps://www.childfundbrasil.org.br/blog/metodologia-mjpop-o-que-e/