Falência de empresa de ônibus dificulta locomoção no subúrbio carioca

A linha 711 é uma das que operam pela Transportes Estrela, que decretou falência. - Foto Gabriel Petersen Gomes

A Zona Norte do Rio de Janeiro foi pega de surpresa na noite desta sexta-feira, 31, pelo anúncio da falência da empresa Transportes Estrela, que agrega uma boa parte das linhas de ônibus daquela região. Com 70 anos de atuação, a maioria das linhas passam pelas favelas e periferias da Zona Norte, como Madureira, Rocha Miranda, Benfica, Lins de Vasconcelos, Jacaré, Irajá e Méier.

As linhas operadas pela empresa são 265 – Marechal Hermes-Castelo, via Av. Dom Hélder Câmara; 311 – Engenheiro Leal-Candelária, via Del Castilho/São Cristóvão; 349 – Rocha Miranda-Castelo; 350 – Irajá-Passeio, via Praça das Nações; 363 – Vila Valqueire-Candelária, via Dias da Cruz/Uerj; 651 – Méier-Cascadura, via Lins; 652 – Méier x Cascadura, via Tomaz Coelho; 653 – Marechal Hermes-Méier; 678 – Vila Valqueire-Méier; e 711 – Rocha Miranda-Rio Comprido, via Inhaúma/Benfica.

A expectativa é que outras empresas comecem a operar nesses itinerários. A reação dos nossos colaboradores usuários das linhas operadas pela Estrela segue abaixo:

Ylanna Brandão – Linhas 678 e 363

“Para os moradores de Valqueire, Vila Valqueire, Campinho e Praça Seca, as linhas 678 e 363 são a unica forma de locomoção dentro do bairro, falando de transporte público. Eu morava em uma rua mais pra perto do Campinho e estudava no Valqueire e usava essas linhas para ir e voltar da escola. O 363 também é o meio mais barato de ir do Valqueire para o centro. Temos a opção do 2345 mas a tarifa é de 10 ou 15 reais. Ainda utilizava o 363 para Piedade, Madureira, Campinho e Valqueire, bairros que frequentava. Acabando o 363, fará falta para o centro, UERJ e até o Maracanã”.

Simone Lauar – Linhas 311 e 349

“Essas linhas são muito importantes pra quem vai trabalhar no centro da cidade, por exemplo. Eu moro na Maré e quando ia trabalhar no Centro, sempre usava uma dessas linhas. Elas eram mais fáceis, pois não eram uma daquelas que demoravam pra passar. Então as pessoas sempre apelaram por elas pois não vinham lotadas. Depois então que teve toda aquelas linhas que pararam de passar, dependemos mais delas ainda. Pois não nos deixava na mão e não vinham lotadas”.

Selma Sant’Anna – Linha 711

“A importância dele é que passa por vários lugares que muitas linhas aqui em Rocha Miranda não passam, por exemplo pelo Shopping Nova América, no metrô de Vicente de Carvalho, no colégio militar da Tijuca onde estudam muitas crianças que moram por aqui, passa também pela Uerj e pelo Maracanã. Se essa linha acabar, todo mundo vai ter que pegar ônibus pra Madureira e outro pro destino final. O 711 me facilita demais porque como sou costureira vou no polo têxtil que tem no Rio Comprido e ele é o único ônibus que me deixa lá. Acabar com ele não é uma coisa boa”.

Carlos Oliveira – Linha 350

“Ela é uma importante ligação entre o Irajá e o Centro, corta os bairros do Caju, Benfica, Manguinhos, Bonsucesso, Ramos, Olaria, IAPI da Penha, Penha Circular, Vila da Penha, Largo do Bicão e Irajá, atende com quantidade mas nem sempre com qualidade pois a Rubanil/América faliu, cabendo ao consórcio Internorte assumir o itinerário. Circula muitas vezes até altas horas e a classe trabalhadora agradece, então espero que de modo algum seja suspensa a circulação da linha como já ocorreu com algumas. Moro em Acari mas várias vezes utilizei a 350 pra chegar no Irajá e atravessar pro Acari”.