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Quando começamos estudar comunicação social, o olhar sobre o mundo muda, e o que era crítico se torna duas vezes mais crítico.

No meu trajeto diário entre casa, trabalho e faculdade, tenho costume de ficar observando (quando o ônibus está vazio) os fatos durante o percurso, e atualmente com as inúmeras obras acontecendo simultaneamente em Salvador, ficou mais fácil analisar cada detalhe.

Passo diariamente entre as principais vias, Iguatemi, ACM, Paralela, Itaigara e Pituba, e após conversar com colegas de trabalho sobre o assunto tive a certeza que meu pensamento não estava incorreto.

Estou falando das inúmeras propagandas espalhadas pela cidade, onde sua grande maioria é composta por pessoas brancas. Sim, numa cidade majoritariamente negra o número de propagandas protagonizado por negros ainda é raro.

Isso é um reflexo do Brasil cuja maioria da população é negra, entretanto o espaço é mínimo.

As produções televisivas estão aí para comprovar, quando o negro não é o empregado da casa, ele é o adotado da família rica ou o filho da empregada que os patrões tomaram pra criar.

Mas voltando aos outdoors espalhados pelas ruas de Salvador, será que essas empresas fazem seus trabalhos de qualquer maneira?

Para se publicar uma peça não tem que ser avaliado pra onde ela vai?

Em que local ela será fixada?

Para alguns é sempre mimimi, mas não é. É muito mais que uma simples propaganda, é se sentir representado a ponto de querer consumir determinado produto ou de ver sua imagem, ou a da sua família sendo retratada.

Sabemos que muitos profissionais fazem o que é pedido pelos seus superiores, e que precisam de determinados trabalhos pois precisam levar o alimento de cada dia pra casa.

Mas até que ponto é valido passar anos de faculdade, fazer pós ou até um mestrado para assistir ou colaborar para que peças que não representam a grande maioria da sociedade sejam publicadas?

Essas práticas tornam-se normais principalmente em uma nação onde o seu líder diz com toda certeza que o racismo e a desigualdade não existem.  Mas ainda acredito que esses espaços serão ocupados por pessoas que lutam por igualdade e representatividade.

“Como pode a propaganda ser a alma do negócio, Se esse negócio que engana não tem alma”. Propaganda- Nação Zumbi