Nove membros de uma mesma família foram retirados de um vagão do metrô e levados para a delegacia por ordem de uma delegada da Polícia Civil na manhã desta terça-feira, 16. A servidora teria se incomodado com o barulho que o grupo fazia enquanto seguia para a praia. O caso foi registrado na 4ª DP (Praça da República). A defesa alega que a detenção foi desnecessária.
11 moradores de uma favela na região da Penha, entre avó, pai, mãe, filhos, sobrinhos e dois vizinhos, seguiam de metrô para a praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio. Eles levavam cadeira de praia, isopor, lanches e uma caixa de som, onde ouviam funk sem, aparentemente, incomodar outros passageiros. O grupo chegou a ser repreendido por um segurança, que solicitou que encostassem a cadeira na parede do vagão para não atrapalhar a circulação e evitar acidentes, o que foi prontamente atendido. Buscando evitar problemas, também desligaram o aparelho de som.
Entretanto, para surpresa do grupo, a viagem foi interrompida no meio do caminho. Agentes da Polícia Civil retiraram a família e os dois vizinhos da composição na Estação Presidente Vargas. Eles ainda foram levados para a delegacia após a solicitação de uma delegada ainda não identificada, que trabalha no local, estava no vagão e se incomodou com a dita algazarra que o grupo fazia – mesmo que, segundo testemunhas, não tivessem se negado a desligar o som ou a atender a qualquer outra solicitação.
Pai, mãe, filho e um vizinho acabaram enquadrados na contravenção penal de perturbação do sossego e foram liberados em seguida. Por medo de represálias, os membros da família preferem não se pronunciar. O caso segue agora no Juizado Especial Criminal.
Para o advogado Rodrigo Mondego, que acompanha o grupo, a ação foi desproporcional: “Assim que receberam a informação de que tinha gente incomodada, pararam de fazer o que estavam fazendo. Acho difícil que ela (a delegada) teria a mesma atitude com uma família branca da Zona Sul, indo animada para algum lugar”.
Até o fechamento desta reportagem, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro não retornou as solicitação por esclarecimentos da Agência de Notícias das Favelas.