Por Sandro Ivo

O projeto de revitalização do centro do Rio de Janeiro colocou na rua centenas de famílias que ocupavam prédios ociosos pela cidade. Mesmo com o déficit de aproximadamente 7,2 milhões (segundo o IBGE), o embelezamento da cidade para o Carnaval, a Copa, as Olimpíadas, o Papa, o Obama e companhia limitada aparece sempre como prioridade nos planos do governo. São incontáveis os números de casas de shows, restaurantes e estacionamentos que foram criados nos últimos anos na cidade, como também são incontáveis o número de famílias que perderam suas moradias nesse mesmo período.
Tomo por exemplo a ocupação batizada de guerreiros do 510. O prédio que estava ocupado há mais de três anos se encontrava na Rua Gomes Freire, número 510 (daí o nome) e foi desocupado sob  a alegação da Defesa  Civil de que a estrutura do prédio não dava condições seguras de habitação após um incêndio que se alastrou por quatro andares, no dia 22 de maio de 2009. Na ocasião o engenheiro Maurício Campos emitiu um contra laudo, dando total condição de habitação do prédio pelos moradores, no entanto o prédio foi desocupado e as famílias postas na rua. Essas mesmas famílias, meses depois, foram protagonistas de um dos despejos mais violentos do centro do Rio, o despejo do prédio localizado na rua Mem de Sá nº 234.

Tiro, paulada e bomba.

video da desocupação:

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Balas de borracha, cassetetes e gás lacrimogêneo, uma verdadeira operação de guerra foi montada para retirar do prédio 234 as famílias que foram expulsas da Rua Gomes Freire. Na ocasião os ocupantes já contavam com uma articulação com movimentos sociais do Centro, o que possibilitou uma rede de apoio mais forte e articulada na porta do prédio, mas não evitou o despejo. O que se viu foi um verdadeiro massacre orquestrado pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar.

As famílias que foram expulsas do prédio da Gomes freire 510 até hoje lutam para conseguir uma moradia e o déficit habitacional do estado do Rio e do país continua a crescer, mas o prédio da Gomes Freire 510 que não tinha condições estruturais para acomodar as famílias, hoje dá lugar a mais um estacionamento ainda em processo de obra.

Tentei entrar em contato com a empresa que administra o estacionamento, mas, não imagino o porquê, até o momento eles não apresentaram nenhuma vontade de falar comigo, graças a Deus os carros que lotam as ruas do Rio não vão precisar ficar no relento, a mercê de marginais, enquanto seus donos enchem a cara na, cada vez mais linda, Lapa.