Levantamento aponta que crescimento da classe C fortaleceu a renda das comunidades

Com uma população de 1,7 milhão de habitantes em cerca de mil comunidades, os consumidores das favelas do Rio de Janeiro movimentam R$ 13 bilhões por ano, quase 30% de tudo o que é gasto em todas as comunidades do país. Boa parte desse consumo deve-se ao crescimento da classe C nas favelas cariocas que, em 10 anos, passou de 45% para 66% da população.

“Essa é a renda  dos moradores das favelas do Rio. Temos 13% de moradores das classes A e B e 66% de classe C morando nas comunidades. Isso leva ao surgimento de um mercado gigantesco de consumo, que quer comprar produtos que antes só havia no asfalto”, afirmou o sócio-diretor do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, em entrevista ao DIA, durante a convenção anual da Associação Brasileira de Franchising (ABF), na Ilha de Comandatuba (BA).

O Data Popular entrevistou 500 moradores, entre 15 e 25 anos, das favelas do Alemão, Rocinha, Chatuba, Salgueiro e Cidade de Deus para o levantamento “Geração C — Favelas Cariocas”, produzido para a rádio Beat 98 e a Central Única das Favelas (Cufa). De acordo com Meirelles, a renda média familiar das pessoas da classe C é de R$ 2.500, valor maior do que 54% da população mundial.

Microdistribuidora dos produtos Matrix, empresa de cosméticos para cabelos do grupo L’Oréal, na Cidade de Deus, Vanessa Brito, 30 anos, é um exemplo da nova classe C. Segundo ela, há um ano e meio trabalhava como assalariada em uma empresa de arquitetura. Ao decidir pelo empreendedorismo, de lá para cá viu sua renda triplicar e há seis meses abriu um salão de beleza na comunidade.

“A mulher de qualquer classe sempre quer estar bela. O consumo nas comunidades cresceu muito, pois os preços dos serviços diminuíram”, disse Vanessa, que já tem oito funcionárias.

PRODUTOS

Segundo a pesquisa, os principais itens de consumo nas favelas cariocas são: tênis, roupa, boné, higiene pessoal e eletrônicos.

CONSUMO NA FAVELA

Os jovens fazem recarga de celular, vão ao salão de beleza e lanchonetes e consomem produtos de beleza e perfumaria.

FORA DA FAVELA

O jovem compra produtos eletroeletrônicos.

SONHO DE CONSUMO

Móveis, eletrodomésticos e TV por assinatura.

Convênio estimula mais investidores

Para incentivar o empreendedorismo e o crescimento de franquias nas favelas do Rio, a Associação Brasileira de Franchising (ABF-Rio), assina, depois de amanhã, convênio com a Associação Comercial e Empresarial Novo Alemão e Penha (Acenape) para a promoção de cursos de capacitação em franquias para quem tem interesse em investir nesse sistema.

“Queremos mais franquias e novos empreendedores nas comunidades do Rio”, afirmou a presidente da ABF-Rio, Fátima Rocha.

Fonte: O Dia