O presidente da Federação Pernambucana de Futebol vetou o acesso dos repórteres das emissoras de rádio nos estádios e quer cobrar pelas transmissões esportivas.
O Evandro Carvalho, presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), proibiu na sexta-feira (19) a presença de repórteres de rádio atrás das barras durante os jogos do campeonato pernambucano.
A proibição começou na prática no último sábado (20), durante a partida entre Sport (2) e Santa Cruz (1), os jornalistas se limitaram a cobrirem apenas nas cabines do local da partida. Esta decisão foi tomada um dia após a imprensa estadual criticar a federação por liberar o estádio José do Rego Maciel, onde o Santa Cruz manda os jogos, sem o clube atender todas as exigências apresentadas pela Polícia Militar de Pernambuco (PMPE).
O Presidente da FPF disse comemorando para o portal O Poder no sábado (20). “Ontem foi um dia histórico para o futebol brasileiro. Quebramos, pela primeira vez, na história secular do nosso futebol, esse absurdo privilégio das emissoras de rádio de abusarem do direito de atuar no entorno do gramado e até dentro do campo de jogo. Isso sem qualquer pagamento em favor dos clubes que fornecem o conteúdo – o espetáculo”, afirmou.
Ele também luta para que seja estabelecida a cobrança das emissoras de rádio pela transmissão dos jogos. Porém, a Lei Geral do Esporte fixou que apenas a difusão de imagens captadas em eventos esportivos é passível de exploração comercial pelos clubes.
Várias pessoas, alguns meios de comunicação e jornalistas se manifestaram contrários a essa decisão da entidade.
O jornalista Léo Medrado, do Esportes DP, publicou uma carta aberta para o presidente em sua coluna e segue um trecho. “Emissoras de Rádio “pagando” pra trabalhar é como se o empregado remunerasse o patrão. Somos eternos serviçais do futebol do nosso Estado. Fui induzido por incontáveis convocações feitas pelos locutores a direcionar-me pros estádios. Na verdade, fazemos “propaganda gratuita” de tudo o que acontece no nosso futebol. Porém, ao contrário do que existe por aí, não deixamos de relatar os intermináveis equívocos cometidos pelas nossas gestões, seja em clubes ou na Federação. Reflita bem sobre o que você escreveu. Você está convocando as federações para uma guerra.”
O repórter João Victor Amorim, da Rádio Jornal, também foi contra o veto. “A FPF proibiu a presença de repórteres DO RÁDIO atrás dos gols já no clássico de amanhã. Engraçado que vamos para a terceira rodada e isso foi proibido agora. Ontem, a imprensa esportiva criticou a FPF por ter liberado jogos no Arruda SEM OS LAUDOS DEFINITIVOS. Coincidência, né?”, disse em uma rede social. O Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco (Sinjope) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), foram outros órgãos que se solidarizaram. “O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco (Sinjope) e a Federação Nacional dos
Jornalistas (FENAJ) repudiam a atitude do presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho, de impedir o acesso de repórteres de rádio no gramado dos estádios para cobertura dos jogos do Campeonato Pernambucano, limitando-os a cabines de transmissão. O presidente da entidade ainda rotulou como “histórica” a decisão, algo que não procede. Para o Sinjope, é legítima a entrada dos profissionais para exercício de suas atividades profissionais e qualquer impedimento deste tipo vai de encontro a liberdade de imprensa. Somos solidários a Associação dos Cronistas Desportivos de Pernambuco (ACDP) e a Associação das Empresas de Rádio e Televisão de Pernambuco, assim como ao Sindicato dos Radialistas de Pernambuco. Sinjope e FENAJ seguem firmes no combate à qualquer tipo de impedimento ao trabalho da imprensa.”, afirmarm em nota.