Quem tem o hábito de frequentar as feiras livres sabe bem o que é diversidade cultural. De frutas e verduras a chinelos de couro, colheres de pau, roupas, brinquedos populares e temperos, tudo é encontrado numa feira na Paraíba. Sem falar das cantorias, dos folhetos de cordel e dos boxes que vendem rolos de corda, armadores de rede, pregos, linha, botão e ri-ri – como são conhecidos no Nordeste os zíperes ou fecho-eclair. Esse rico espaço cultural a céu aberto pode se tornar patrimônio histórico cultural imaterial da Paraíba, caso a Assembleia Legislativa aprove o Projeto de Lei 2.108/20, que institui também o Dia Estadual do Feirante.
De acordo com a proposta do deputado Tovar Correia Lima (PSDB), as comemorações do Dia do Feirante devem acontecer anualmente em 25 de agosto, permitindo o governo promover ações de incentivo e homenagens aos feirantes. “Será um dever do Poder Público preservar essa prática na Paraíba, bem como voltar sua atenção a projetos direcionados à preservação das feiras livres”, argumenta.
As feiras livres são de uma importância histórica e social de grande valia para qualquer sociedade, seja numa metrópole ou numa pequena cidade do interior. Mais do que um simples local de compra e venda de mercadorias, são ambientes de riquíssima interação social.
Fregueses e donos de bancas são personagens principais, mas uma infinidade de coadjuvantes fazem da feira livre uma miscelânea de vozes, corpos e histórias que se misturam e se confundem, dando vida a espaços antes frios e meramente ilustrativos.
Na Paraíba, a tradição de frequentar as feiras livres continua de vento em popa, apesar das facilidades dos hipermercados com suas gôndolas de frutas e verduras. Em João Pessoa, há a tradicional Feira de Jaguaribe, realizada às quartas-feiras no bairro de mesmo nome. Além disso, existe o Mercado Central e o Mercado de Mangabeira, o maior bairro da capital.
No interior, a Feira Central de Campina Grande já é famosa, assim como a Feira de Itabaiana, terra de Sivuca, que imortalizou com sua esposa Glorinha Gadelha a música “Feira de Mangaio”. Também há as feiras de Solânea, Guarabira, Taperoá, Cajazeiras, Cabedelo e muitas outras que justificam a Paraíba transformar essas manifestações em patrimônio cultural e imaterial do estado.
A origem
A palavra feira teve origem na palavra em latim feria, que significa “dia santo ou feriado” e a palavra freguês, usada para tratamento dos consumidores de feira livre, originou-se também do latim filiu ecclesiae que significa “filhos da igreja”. Assim, no início, as pessoas ou fiéis aproveitavam as festas religiosas para se reunirem e trocarem mercadorias.
Na antiguidade, as feiras tinham o objetivo de promover trocas de mercadorias entre as pessoas de diferentes lugares e com diferentes itens. Com a queda do feudalismo e o surgimento do capitalismo, esse modo de comércio ganhou força e importância econômica.
Inicialmente, foram impulsionadas pelas Cruzadas, uma vez que naquela época as atividades comerciais deveriam atender às necessidades dos viajantes e com o tempo, as necessidades foram aumentando e se diversificando, bem como a população foi crescendo e as feiras, então, passaram a ter importância social, promovendo a comunicação e interação dos povos.
E para ilustrar bem essa interação social que até hoje se mantém na cidade de Itabaiana, interior da Paraíba, segue a maravilhosa letra da música “Feira de Mangaio”, autoria de Sivuva em parceira com Glorinha Gadelha.
Feira de Magaio
Fumo de rolo, arreio de cangalha
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Bolo de milho, broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque sai daqui me deixa trabalhar
E Zé saiu correndo pra feira de pássaros
E foi pássaro voando pra todo lugar
Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá
Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaiero ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá
Cabresto de cavalo e rabichola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Farinha, rapadura, e graviola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Pavio de candeeiro, panela de barro
Menino vou me embora tenho que voltar
Xaxar o meu roçado que nem boi de carro
Alpargata de arrasto não quer me levar
Porque tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar
Mas é que tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar
Fumo de rolo, arreio de cangalha
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Bolo de milho, broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar
Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque sai daqui me deixa trabalhar
E Zé saiu correndo pra feira de pássaros
E foi pássaro voando em todo lugar
Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá
Mas é que tem um sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar