Dá para falar de dinheiro de um jeito bem humorado? Pode apostar que sim! E para provar isso, os atores Ella Nascimento e Vagner Jesus estrelam o espetáculo “FELEBÉ FELEBÉ! Meu amigo é meu dinheiro”, que será apresentado no Centro Cultural SESI Casa Branca (Av. Caminho de Areia, 1454), entre os dias 10 e 27 de outubro, sempre de quinta a domingo às 19h.

Ella Nascimento e Vagner Jesus interpretam irmãos com visões diferentes sobre dinheiro

FELEBÉ FELEBÉ! Meu amigo é meu dinheiro” apresenta duas personagens, Latoya e Maicon Jackson, irmãos que estão em pontos opostos da estrada de realização pessoal. Ele é seduzido pela promessa de ascensão individual e que acredita que suas conquistas irão interferir de forma significativa em mudanças estruturais, e ela deseja seguir com um trabalho pautado no coletivo, mas que se frustra com a incompatibilidade da dimensão de suas ambições com sua comunidade. Apesar de suas diferenças, os dois não se antagonizam.

“Este é um processo em que a gente tem falado muito sobre dinheiro, exploração pelo capital ou exploração de recursos finitos para gerar fortunas infinitas”, diz Vagner, que interpreta Maicon, um homem gay que tem métodos escusos de ganhar e fazer render seu dinheiro.

Enquanto isso, Latoya, vivida por Ella, é uma mulher que acredita que só o seu trabalho será capaz de colocá-la em um lugar de bem-estar social, apesar de estar com dificuldades de se organizar financeiramente.

FELEBÉ FELEBÉ! Meu amigo é meu dinheiro” é também uma provocação que nos faz pensar sobre o que é prosperidade, desafiando o velho pacto branco colonial que ainda insiste em ditar as regras. “Afinal de contas, dinheiro e pessoas pretas estão em lados opostos?” questiona Vagner que, junto com Ella, nos leva numa viagem cômica e profunda sobre como ser próspero sem esquecer de onde viemos e para onde queremos ir.

Com ingressos sendo vendidos a R$ 30 e R$ 15, “FELEBÉ FELEBÉ! Meu amigo é meu dinheiro” tem texto de Mônica Santana e Matheuzza, que também assina a encenação e o dramaturgismo. Este é mais do que um espetáculo: é um movimento que nos propõe descolonizar nossas ideias sobre dinheiro, poder e sucesso.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Como não é só de risada que a gente vive, “FELEBÉ FELEBÉ! Meu amigo é meu dinheiro” também nos chama para refletir sobre como a história e o racismo moldam a relação de pessoas negras com a grana no Workshop de Educação Financeira, que acontece no dia 14 de outubro na sede do Grupo Cultural E ao Quadrado, que fica no Alto do Cabrito.

O workshop gratuito sobre gestão financeira será ministrada por Cinara Santos, pós-graduada em Educação Financeira com Neurociência e mentora de Gestão Financeira para MEIs na Vale do Dendê. Nele, o público que, às vezes, não faz ideia de por onde começar para gerir sua própria grana, vai poder se aprofundar no tema. Assim, vai poder virar o jogo contra as desigualdades financeiras que a gente enfrenta todo dia.

“A gente fala de empoderamento, e ter dinheiro, cuidar melhor do seu dinheiro, te ajuda realmente a ter poder”, diz a Cinara.

Na oficina, Cinara vai abordar, de diversas formas, como se tornar mais íntimo do seu dinheiro, explicando também termos ligados à gestão financeira, bem como os primeiros passos para entender investimentos. “É colocada na nossa cabeça várias crenças de que o dinheiro não é bom, e isso tem um porquê”, conta ela que lembra que, no passado, mulheres negras juntavam dinheiro para comprar a alforria de outros escravizados, mostrando que a boa gestão do dinheiro também é prática ancestral da população negra.

Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.

SOBRE CINARA SANTOS

Cinara Santos é graduada em Comunicação Social com especialização em Publicidade e Propaganda, além de possuir duas pós-graduações: uma em Gestão da Inovação e outra em Educação Financeira com foco em Neurociência. Com vasta experiência na área de treinamento, atua como instrutora de Desenvolvimento Profissional nos Correios. Atualmente, Cinara também se dedica à mentoria de Gestão Financeira para Microempreendedores Individuais (MEIs) na Vale do Dendê, negócio de impacto social que fomenta ecossistemas de inovação e criatividade com foco na diversidade. Através desse trabalho, ela ajuda pequenos empresários a alcançar o equilíbrio financeiro em seus negócios.

FICHA TÉCNICA

Texto: Mônica Santana e Matheuzza Encenação e Dramaturgismo: Matheuzza Intérpretes: Ella Nascimento e Vagner Jesus Direção de Movimento: Arismar Adoté

Direção Musical e Trilha Sonora: Alysson Bruno Preparação Corporal e atriz substituta: Preta Kiran Cenário: Thays do Valle

Figurino e Visagismo: Cleidson Marques Preparação de Elenco: Jamile Cazumbá Iluminação: Rivaldo Rio

Desenho de Som: DJ Jeferson Souza

Coordenação Geral: Ridson Reis Direção de Produção: Bergson Nunes

Assistência de Produção: Danilo Cerqueira

Coordenação de Comunicação e Social Midia: Marcelo Ricardo Assessoria de Imprensa: Daniel Silveira

Designer Gráfico: Thais Mota Videomaker: Gabriel Dias

Execução e montagem Cenográfica: Daka Shola Ateliê Criativo Trancista: Studio AOM, Myriam Santana

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Valdeck Almeida de Jesus
Valdeck Almeida de Jesus é jornalista definido após várias tentativas em outros cursos, atua como free lancer, reconhecendo-se como tal há bastante tempo. Natural de Jequié-BA (1966), e escreve poesia desde os 12, sendo este o encontro com o mundo sem regras. Sua escrita tem como temática principal a denúncia: política, de gênero, de raça, de condição social, de preconceitos diversos: machismo, homofobia, racismo, misoginia. Coordena o movimento “Galinha pulando”, o qual pode ser visto no blog, no site e nas publicações impressas. Este movimento promove anualmente um concurso literário, aberto a escritores(as) do Brasil e do exterior. A poesia lhe trouxe o encantamento, mundos paralelos, as trocas, a autocrítica, a projeção de si e de outro(s), maior consciência de classe e de coletivo. Espera que as sementes plantadas se tornem árvores, florescendo e frutificando em solos assaz diversos. Possui 23 livros autorais e participa de 152 antologias. Tem textos publicados em espanhol, italiano, inglês, alemão, holandês e francês. Participa de vários coletivos da periferia de várias cidades, bem como de algumas academias culturais e literárias.