“Ex-namorado confessa assassinato de grávida na Baixada Fluminense e é preso”. Esse foi o título da matéria veiculada no portal de notícias UOL, apenas quatro dias depois do Dia Internacional da Mulher. Quatro dias depois de todos estarem parabenizando e desejando mais direitos a mulher, um crime de feminicídio é praticado.
A grávida em questão tem nome e sobrenome: Katyara Pereira da Silva. Katyara não foi a primeira e, infelizmente, não será a última a virar um número nos casos de crime de ódio contra a mulher. Segundo o Ministério Público, entre março de 2016 e março de 2017, foram registrados oito casos de feminicídio por dia no Brasil. Mas esse número pode ser considerado maior, pois muitos casos ainda são tratados como homicídio.
Coloque a hashtag feminicídio na busca de alguma de suas redes sociais e terá a noção de o porquê esse crime existe. O ápice do machismo se encontra ali. E a situação piora quando vai para os comentários dos portais de notícias. A regra de não olhar os comentários é muito válida caso não queira observar um ambiente de extrema falta de informação sobre o tema.
Em grande maioria as opiniões vem de homens que resumidamente tratam o feminicídio como “mimimi” e uma forma de superioridade feminina. Essas opiniões aumentaram quando, no início da semana, o Senado Federal aumentou a pena por feminicídio quando o autor gravar e divulgar imagens do crime e, também, no caso da vítima ter alguma doença degenerativa.
Voltando ao termo “superioridade feminina”, o feminicídio é totalmente o contrário disso. A não ser que essa superioridade seja no número de mortes apenas por ser de tal gênero, de assédio ou de estupro. O feminicídio só mostra o quanto mulheres ainda são vulneráveis por viverem em uma sociedade de natureza machista. Mulher tem medo de andar sozinha na rua de noite, ir sozinha no táxi, ser assediada no transporte público. Se todo esse medo indicar superioridade de direitos, então, realmente, ela detém esse “prêmio”.
A igualdade de direitos começa quando se tem a percepção de que a sociedade não é igual. Existem os privilegiados e eles não são as vítimas de crimes brutais.