No mês que acabou ontem, e ainda em algumas datas de julho, as festas juninas evidenciaram as tradições surgidas no Nordeste do Brasil, que se propagaram por todo o país.

Diversos costumes como danças, comidas e decorações típicas compõem essa época do ano. Nas favelas e subúrbios cariocas, as festividades juninas são importantes celebrações para as comunidades onde acontecem, mobilizando muita gente.

Esses eventos são uma forma de lazer e entretenimento organizados principalmente pela própria população, pois são locais onde falta atenção do poder público. Os eventos também costumam levar visitantes. O turismo cultural ajuda a quebrar estereótipos, como o de que periferias são locais perigosos.

As competições de quadrilha, shows, bazares e quermesses agitam a economia, gerando renda para microempreendedores locais, a exemplo de camelôs, doceiros e artistas. Alguns negócios e inovações são criados nesse período.

Tradição nordestina em terras fluminenses

As festas juninas nas favelas do Rio de Janeiro mantêm vivas as tradições dos povos nordestinos, que somam um número significativo na população no estado, além da grande contribuição para a identidade carioca. Durante o processo de migração nordestina para o sudeste, territórios foram ocupados e assim, formaram-se aglomerações em regiões nas favelas da capital e cidades da Baixada Fluminense.

Flávio Minervino, 57 anos, morador do bairro de Rio Comprido, zona norte do Rio de Janeiro, técnico de Meio Ambiente, é diretor do Grupo Folclórico Doce Mel Show. Para ele, as comemorações juninas são fundamentais para a integração dos jovens à comunidade.

“Aquele jovem que está ali se divertindo, está aprendendo a ser cidadão. Se amanhã ou depois ele vai virar um dançarino, isso é consequência de um trabalho muito grande. Mas a proposta é justamente fazer ele se divertir um pouquinho junto com seus amigos.”

O coreógrafo atenta para a importância do investimento público na cultura junina, que acredita ser ainda insuficiente no estado. Flávio conta que sua equipe de dança comprava o strass (material para enfeite das roupas) fora do Rio, mas que, devido ao aumento de preço e  custos com o frete, precisou se adaptar.

Eles passaram a usar adereços de carnaval e lamentam a distância com a tradição original que isso causou. “A gente teve que ir se adaptando para não morrer a proposta, porque tudo é muito caro. Mas as competições de quadrilha resistem aos trancos e barrancos, com toda dificuldade”.

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