Formação da base no Congresso faz lembrar os governos militares

Presença militar no governo vai além das fardas - Foto da internet

Mais um indício de que os tempos das fardas poderosas voltaram: Bolsonaro promete cargos ao Centrão para formar a base de apoio, mas adverte que o processo de nomeação é lento. Uma razão os parlamentares entendem porque já sentem na pele há tempos é a resistência de alguns ministros em ceder espaço na sua estrutura, e outra é o filtro militar, bem mais sensível do que o do núcleo ideológico do presidente da república.

Paulo Guedes (Economia), Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Abraham Weintraub (Educação) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) são os quatro alvos preferenciais dos partidos do Centrão para a partilha do poder em seus ministérios. O mais nevrálgico é o primeiro da lista, que não vinha bem na condução da economia e destrambelhou de vez com o coronavírus.

Os órgãos visados e muitos deles já comprometidos vão da Fundação Nacional da Saúde, a Funasa, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e outros que serão negociados conforme a valsa no Congresso. está acertado, por exemplo, que um partido ficará com a presidência ou o cargo mais alto de um órgão e abrigará sob seu comando indicados por outros partidos da base em formação.

As negociações e a montagem da nova estrutura governamental são complexas e demoradas por natureza. O PL de Waldemar Costa Neto, por exemplo, queria o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Dnit, do ministério da Infraestrutura, que comandou por anos, mas o governo vetou. Quem é o governo, no caso?

É aí que entra a inteligência militar, exercida na ditadura pelo Serviço Nacional de Informações, o SNI. Sua estrutura se capilarizava pela Esplanada dos Ministérios na forma de Departamentos de Segurança e Informações que examinavam e aprovavam ou não todas as indicações à nomeação pelo ministro. Eram ajudados na tarefa nas fundações, autarquias, departamentos e demais órgãos dos ministérios pela Assessorias de Segurança e Informações.

Esta imensa rede foi desmontada na redemocratização do país, mas os novos tempos de controle social e político sobre o país estão a exigir um novo esforço para o Brasil chegar à promessa de campanha de Bolsonaro de “voltar 50 anos atrás”, que muita gente achou engraçada como as “arminhas” feitas com as mãos palanques. Ou quem levou ele a sério quando disse que ia acabar com o “toma lá, dá cá” na política.