Funk carioca em evidência: websérie ‘Som de Preto’ mostra as faces do ritmo mais envolvente

Importância do funk carioca no cenário cultural no Brasil em cinco episódios
Com cinco episódios, websérie está disponível no Youtube - Foto: Divulgação

De um projeto de conclusão do curso de cinema, nasceu a websérie “Som de Preto”. Pensada e dirigida por Paula Rocha, a websérie conta em cinco episódios as diversas facetas do funk carioca. Crescendo em Irajá, Zona Norte do Rio de Janeiro, Paula conta que sempre conviveu com o funk e tem uma relação pessoal com o ritmo. “Vi na série uma forma de resgatar a trajetória de vida e um pouco da história do funk carioca. Fazer as pessoas terem um pouco do olhar que eu tinha do funk”, conta.

A websérie está disponível no canal do Youtube do projeto e é dividida em cinco episódios: “Era só mais um Silva”; “Ninguém fica parado”; “Tchunarublaze”; “Duelo da Fiel vs das Amante”; “Nosso som não tem idade”. Em todos eles há uma relação frequente e importante, a qual Paula fez questão de ser implementada.

“Não tem nenhum acadêmico falando na websérie. Isso foi algo que eu não abri mão, pois sempre que via algo sobre a história do funk, sentiam a necessidade de colocar um acadêmico. Quem vive e faz o funk, sabe falar sobre ele e sobre sua importância cultural “, explica.

Preconceito com o funk carioca

Considerado Patrimônio Cultural da cidade do Rio de Janeiro, o funk carioca ainda passa por diversas situações de criminalização. O ritmo, que envolve favelas e periferias pelo Brasil, é perseguido desde o seu surgimento nos bailes cariocas na década de 1980. Diversas CPIs já foram criadas na tentativa de ligar o funk ao tráfico de drogas e a criminalização.

Tal fator é também abordado na websérie “Som de Preto”. No episódio “Era só mais uma Silva”, a criminalização do funk é posta em foco. Evidência essa que também é posta na música “Rap do Silva”, onde o funkeiro que era só mais um Silva não merecia o destino trágico, pois, também era pai de família. “Teoricamente o funk é patrimônio cultural, mas quando vai ver de verdade, ele ainda é um pouco criminalizado. Uma galera fala que hoje em dia é bem melhor”, comenta Paula.

Websérie no Youtube

O “Som de Preto” começou a ser pensado um pouco antes de novembro de 2018. Mesmo sendo feito de maneira totalmente independente, Paula fala que chegou a ganhar um edital da Rio Web Festival para produzir a série, mas, ela não aceitou. “Lemos o contrato e acabamos recusando. Tinha uma questão de prazo e restrição que me deixou com receio sobre o que eu iria dizer”, explica.

Pensando nisso, Paula colocou apenas seu orçamento para a continuidade de um projeto que não tivesse restrições sobre o que seria abordado acerca da história do funk. Para disponibilizar entre o maior número de pessoas, logo pensou no Youtube, pois, lá era o local onde o funk estava se espalhando e onde estavam as pessoas para as quais ela queria se comunicar. “Toda a produção foi na base da guerrilha e a internet é o local certo para ela estar. Se fosse disponibilizado em um lugar rezervado, onde ela iria chegar?”, questiona.

Para assistir a websérie clique aqui.

Equipe “Som de Preto”

Direção e Roteiro:
Paula Rocha e Anthony Santos

Fotografia:
Paula Rocha

Produção:
Caroline Sherer
Leonardo Cunha
Luísa Giesteira

Som Direto:
Daniel Fernandes

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