Desde o surgimento das favelas no início do século XX, o Estado e as instituições sempre perseguiram as manifestações culturais de matrizes africanas. Os cultos de umbanda e candomblé, as rodas de capoeira, os encontros de sambistas. Sempre que nossas manifestações culturais começassem a ganhar algum destaque o Estado criava leis para continuar nos deixando no ostracismo. Nos ano 20 o samba era a bola da vez. A polícia perseguia sambistas na capital federal que era no Rio de Janeiro. João da Baiana um dos maiores expoentes da época, vivia sendo perseguido e preso pela polícia porque sempre andava com seu pandeiro embaixo do braço. Sua sorte foi que um senador era fã de samba e assinou um salvo conduto no seu pandeiro, que servia de proteção contra batidas policiais. Com o passar do tempo o Estado foi se aperfeiçoando e criando novas leis para reprimir o povo preto e oriundo de favelas. O auge dessa política repressora foi a criação do “Crime de Vadiagem” em 1940 que tinha como objetivo encarcerar ainda mais o povo preto e que perdurou até pouco tempo.
Essa condenação do DJ carioca Rennam da Penha, é mais uma prova que a chamada sociedade civil brasileira não avançou em nada na questão do racismo institucional. No passado outros artistas de favelas foram perseguidos depois de conseguir alcançar o estrelato. Rennam da Penha é o criador do Baile da Gaiola, evento que atrai milhares de pessoas para as ruas da Penha. Pessoas de todas as classes sociais mas principalmente de comunidades cariocas.
Uma condenação com um recado bem claro da justiça para as pessoas ligadas ou oriundas de favela que se atrevam a fazer sucesso e alcançar a independência financeira e inspirar outras pessoas a seguirem o mesmo caminho.
Mas não descansaremos e lutaremos contra essa condenação absurda. Na próxima quinta feira dia 28 de março, fãs do MC e ativistas convocaram pelas redes sociais um grande ato em desagravo por essa condenação absurda, e convidam todas as pessoas que não aceitam mais essa postura racista e seletiva da justiça em criminalizar o povo preto para participar desse levante que vai acontecer em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a partir das 17h.