O auxílio emergencial em 16 de março, no valor inicial de R$ 200, aumentado por pressão da oposição para R$ 600, é inacessível a grande parte dos beneficiários pela imposição de dificuldades que terminam por sabotar o pagamento. A exigência de CPF, a burocracia bancária e outras medidas dificultam a chegada dos recursos aos cidadãos. “Hoje fez 21 dias de análise, já perdi as esperanças desse auxílio emergencial”, lamentou um internauta.
De acordo com a Dataprev, o número de 50 milhões corresponde à metade das pessoas que se cadastraram em busca do apoio. Um total de 92,8 milhões de CPFs foram analisados e encaminhados para a Caixa Econômica Federal. Desses, 50,3 milhões (54%) tiveram o pagamento liberado, segundo a CEF. O número de CPFs reprovados chega a 28,9 milhões, um terço dos que se inscreveram. É possível pedir nova avaliação.
O atraso dos pagamentos do auxílio emergencial é a face mais mesquinha da incompetência do governo. O ministro Paulo Guedes, por exemplo, acusa os trabalhadores de fazer quarentena “com a geladeira cheia”, e anuncia congelamento de salários. O ministro da Saúde entrega 272 dos 14.100 respiradores prometidos, menos de 2% do total.
“O impacto social e econômico é alarmante nas favelas do país”, alerta Celso Athayde, fundador da Central das Favelas (Cufa), em matéria no jornal Valor Econômico. Diante disso, o atraso dos pagamentos reforça a estratégia do governo para romper o confinamento, avaliam especialistas. Pesquisa do Datafolha divulgada recentemente aponta que o apoio ao isolamento social amplo para conter o coronavírus caiu 8 pontos e vem em curva descendente acentuada pela presença do presidente da república em manifestações de rua na capital.